Em meados de 2016, ao analisar dados do Observatório Espacial Gaia, cientistas notaram algo intrigante: o brilho de uma estrela distante aumentava e diminuía periodicamente, de forma súbita e incomum.

Uma explicação plausível para a observação é um fenômeno chamado “lente gravitacional”: basicamente, sabemos que a atração gravitacional causada por um objeto massivo pode distorcer o espaço, e a luz, ao seu redor. Ao analisar a forma como a luz é distorcida, uma equipe de cientistas conseguiu descobrir o que é esse objeto, embora não possamos vê-lo.

A causa é um sistema binário (composto por duas estrelas) a 2.544 anos-luz de distância, chamado 2MASS19400112+3007533 e composto por duas estrelas anãs vermelhas. Elas tem 57% e 36% da massa do nosso Sol, e orbitam ao redor de um centro de gravidade comum a cada 2,88 anos terrestres. Seu brilho é tão fraco que são invisíveis para nós.

“Não vemos esse sistema binário, mas ao ver os efeitos que ele cria ao atuar como uma lente sobre a luz de uma estrela ao fundo, fomos capazes de determinar tudo sobre ele”, disse o astrônomo Przemek Mróz, do Instituto de Tecnologia da Califórnia.

“Pudemos determinar o período de rotação do sistema, as massas de seus componentes, sua separação, a forma de suas órbitas – basicamente tudo – sem ver a luz dos componentes binários”.

A equipe espera que esta técnica possa ser usada para descobrir buracos negros “solitários”. Atualmente conseguimos identificá-los quando estão ativos, como quando estão devorando uma estrela ou formando um par binário com outra. Entretanto, buracos negros “dormentes” são invisíveis com os métodos atuais.

Mas se o novo método permite ver anãs vermelhas menores que nosso sol, também poderia ser usado para detectar buracos negros que, estima-se, tem ao menos cinco vezes a massa de nossa estrela.

“Acredito que neste ano veremos os primeiros buracos negros. Sou otimista”, disse o astrônomo Łukasz Wyrzykowski, da Universidade de Varsóvia, na Polônia.

Fonte: Science Alert