Tesla deve enfrentar processo por racismo em fábrica na Califórnia

Juiz negou pedido da empresa de retirar as acusações após denúncia feita por dois ex-funcionários
Vinicius Szafran03/01/2020 19h10, atualizada em 03/01/2020 20h00

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Um juiz federal abriu caminho para um possível julgamento, após rejeitar os esforços da Tesla de negar alegações de dois ex-trabalhadores da companhia, que dizem que a fábrica de carros elétricos da Califórnia, onde trabalhavam, era um centro de hostilidade racial.

Em uma decisão tomada na segunda-feira (30), o juiz distrital dos Estados Unidos, William Orrick, em São Francisco, encontrou questões em aberto sobre se Owen Diaz, e seu filho Demetric Diaz, enfrentaram “assédio racial grave e generalizado” em 2015 e 2016 na fábrica da Tesla, no subúrbio de Fremont, que emprega mais de dez mil pessoas.

Os denunciantes, que são negros, disseram que foram submetidos a apelidos raciais, dezenas de vezes, além de desenhos racistas, e que seus supervisores se envolveram ou pouco fizeram para impedir o caso.

Orrick disse que Diaz poderia buscar alegações de que a Tesla permitiu e não tomou medidas razoáveis para impedir o assédio racial. Ele disse que punições contra a empresa poderão acontecer, caso seja provado que a Tesla sabia do assédio e o “ratificava”, mesmo que apenas trabalhadores de nível inferior estivessem diretamente envolvidos.

Reprodução

“A ‘palavra com n’ é, talvez, o insulto racial mais ofensivo e inflamatório do inglês, uma palavra expressiva de ódio racial e intolerância”, escreveu o juiz. “Este caso seguirá adiante”. Um julgamento está agendado para o dia 11 de maio de 2020. A Tesla e seus advogados não responderam imediatamente.

A empresa sediada em Palo Alto, Califórnia, enfrentou vários processos de assédio racial, mas não é a única montadora a enfrentar tais alegações nos últimos anos. Em 2017, a Ford concordou em pagar até US$ 10,1 milhões para resolver uma investigação sobre suposto assédio em duas fábricas de Chicago.

A Tesla declarou em documentos judiciais que “não hesitou” em abordar o abuso racial na fábrica de Fremont, e não havia provas de “opressão, malícia ou fraude”.

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O Juiz Orrick disse também que Diaz poderia entrar com uma ação contra uma agência de empregos que o designou para a fábrica, e um contato entre a Tesla, e essa agência. Lawrence Organ, advogado dos funcionários, disse que seus clientes estão buscando indenizações “na casa dos milhões” de dólares.

Owen Diaz diz que trabalhou na Tesla por 11 meses como operador de elevador, enquanto Demetric Diaz passou dois meses como associado de produção.

As denúncias incluíam uma alegação de que o supervisor de Diaz admitiu produzir um desenho de “uma pessoa com rosto preto, carregando um osso no cabelo” e legendou “booo”, supostamente abreviado de “jigaboo”. “Vocês não aguentam uma brincadeira”, teria dito o supervisor de Diaz a ele.

Via: Reuters

Vinicius Szafran
Colaboração para o Olhar Digital

Vinicius Szafran é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital