O NTSB, órgão federal norte-americano responsável por investigar acidentes de avião, trens ou carros em circunstâncias especiais, divulgou nesta semana a conclusão do seu inquérito independente sobre a primeira morte relacionada a um carro semi-autônomo. E parte da culpa foi da máquina, segundo os federais.
Tudo começou em junho do ano passado, quando Joshua Brown, um norte-americano de 45 anos, foi a única vítima numa colisão perpendicular com um caminhão na autoestrada de Willston, na Flórida. O carro que Brown ocupava era um Tesla Model S, um automóvel elétrico que conta com a função opcional de piloto automático.
Desde então, uma longa investigação buscou desvendar se o veículo estava ou não em piloto automático quando o acidente aconteceu. Como a própria montadora explica aos seus clientes, o sistema semi-autônomo do Model S não pode ser usado para substituir a condução humana por completo, mas apenas em alguns momentos, em vias livres e bem sinalizadas, e por pouco tempo.
Em janeiro deste ano, a NHTSA, outro órgão do governo dos EUA responsável por controlar a segurança nas estradas, chegou à conclusão de que a morte de Brown foi causada por falha humana, já que havia indícios de que o motorista abusou da tecnologia e estava usando o piloto automático numa situação em que a Tesla diz que ele não deve ser usado.
Agora, porém, o NTSB, que é um órgão independente do NHTSA, chegou a uma conclusão diferente. Segundo Robert Sumwalt, diretor da organização, embora Brown não devesse ter usado o piloto automático naquela situação, a Tesla também tem parte da culpa por ter inserido nos seus carros uma tecnologia que permitia que uma falha dessas ocorresse.
“A combinação de erro humano com a ausência de sistemas suficientes de controle resultaram numa colisão fatal que não deveria ter acontecido”, concluiu o inquérito do NTSB. Neste caso, porém, o órgão não tem poder para aplicar qualquer pena contra a Tesla, mas encaminhou sua avaliação para a NHTSA, que tem poder sobre a legislação e regulamentação de veículos nos Estados Unidos.
Em nota, a Tesla disse que “aprecia a análise do NTSB a respeito do trágico acidente do ano passado”. “Vamos avaliar suas recomendações conforme continuamos a evoluir nossa tecnologia”, afirmou ainda a Tesla em comunicado à Wired. “Também continuaremos a ser extremamente claros com nossos clientes ao dizer que o piloto automático não é uma tecnologia de autonomia completa.”