Carro da Uber que matou pedestre teria visto a vítima, mas decidiu não desviar

Renato Santino07/05/2018 20h50

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As investigações sobre o acidente fatal no qual um veículo autônomo da Uber atropelou e matou uma ciclista no meio da rua ainda estão em andamento, mas a empresa já parece ter uma conclusão sobre a causa do problema. Ao que tudo indica, os sensores do veículo perceberam, sim, a mulher na pista, mas o software do carro decidiu não desacelerar ou desviar.

Pelas imagens divulgadas pela polícia, fica muito claro que não houve nenhuma reação por parte do veículo diante de uma pessoa na pista. Chegou-se a suspeitar de que a Uber havia implantado um número insuficiente de sensores no carro, o que teria feito com que a máquina fosse incapaz de detectar a mulher, o que explicaria a falta de ação. No entanto, a matéria do site The Information indica que não foi bem assim.

De acordo com a publicação, os sensores entenderam que se tratava de um falso positivo, o que justifica falta de ação do carro. Para quem não está familiar com o termo, um falso positivo é quando o sistema encontra algo que parece uma ameaça, mas decide que o objeto não é um perigo real e releva a situação.

No caso, a Uber teria colocado o filtro no nível mínimo, o que fez com que o sistema ignorasse a mulher na rua achando que ela não representava um risco real. A justificativa para um filtro tão baixo também tem a ver com segurança: afinal de contas, se o carro freasse ou desviasse bruscamente em todos os falsos positivos que encontra, ele também poderia causar acidentes graves com outros veículos. A questão é saber balancear esses dois aspectos.

Desde o acidente, em março deste ano, a Uber suspendeu todos os testes com seus veículos autônomos para iniciar uma investigação conjunta com o NTSB (Conselho Nacional de Segurança do Transporte) dos Estados Unidos, mas ambas as partes ainda não publicaram um relatório preliminar do ocorrido.

Quando questionada sobre o teor da matéria, a Uber emitiu um comunicado em que não confirma nem desmente a situação:

“Estamos cooperando ativamente com o NTSB em sua investigação. Em respeito ao processo e à confiança que construímos com o NTSB, não podemos comentar especificidades do incidente. Neste período, iniciamos uma análise cuidadosa da segurança do nosso programa de veículos autônomos e trouxemos Christopher Hart, ex-NTSB, para nos aconselhar em nossa cultura de segurança em geral. Nossa avaliação está observando tudo entre as seguranças de nossos sistemas e o processo de treinamento para os operadores, e esperamos ter mais a compartilhar em breve”.

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital