Dois estudos separados descobriam mecanismos que podem ser usados para induzir ratos e camundongos a entrar em torpor, um estado em que o metabolismo é desacelerado e a temperatura do corpo baixa para economizar energia, algo que ocorre naturalmente quando os animais entram em hibernação no inverno.

Entender como o cérebro de um animal leva o organismo ao torpor pode ser útil na medicina, permitindo que o corpo ganhe tempo para se recuperar de condições que de outra forma seriam fatais, ou até mesmo em viagens espaciais, com tripulações “dormindo” por dezenas ou centenas de anos antes de chegar ao seu destino.

No primeiro estudo uma equipe de pesquisadores japoneses estava analisando um grupo de neurônios chamado neurônios Q no hipotálamo dos animais, quando descobriu que quando estimulados eles induzem os camundongos a um período de torpor de até 48 horas. Muito mais longo do que o que acontece naturalmente quando eles ficam sem comida, por exemplo.

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Arganaz (ou “dormouse”) inglês hibernando. No inverno, eles são capazes de reduzir sua temperatura corporal para reduzir o metabolismo. Foto: Zoë Helene Kindermann / Wikimedia Commons.

Os pesquisadores também identificaram uma rede de neurônios de apoio que contribui para a queda da temperatura corporal, e demonstraram com sucesso como os neurônios Q podem ser manipulados com neurotransmissores e luz laser, tanto em camundongos quanto em ratos.

Em um segundo estudo, uma outra equipe de pesquisadores conseguiu marcar geneticamente os neurônios que são ativados no hipotálamo quando os animais entram em torpor. O maior conjunto deles é ativado à expressão de um gene que controla a produção de uma proteína chamada PCAP, que é conhecida por ter o papel de neurotransmissora. Quando os neurônios são estimulados, os animais entram em torpor. Mas quando são bloqueados, o ciclo natural é interrompido.

Embora promissores, os resultados ainda estão longe de serem aplicados em seres humanos, que não tem naturalmente a habilidade de entrar em hibernação. Entretanto, há muito tempo os cientistas especulam se ela pode estar escondida, esperando a descoberta de uma forma de ativá-la.

Fonte: Science Alert