Médicos colocam humanos em animação suspensa pela primeira vez

Técnica pode salvar vítimas de trauma severo, como tiros ou facadas, que de outra forma teriam apenas 5% de chance de sobrevivência
Rafael Rigues21/11/2019 12h51

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Na ficção científica a animação suspensa é a resposta para a pergunta: “como fazer uma pessoa sobreviver a uma jornada interestelar que pode levar décadas, talvez séculos?”. O corpo é congelado e a atividade celular para, até ele ser descongelado e reanimado. Médicos do Centro Médico da Universidade de Maryland, em Baltimore, nos EUA, conseguiram pela primeira vez colocar um paciente em animação suspensa. O objetivo não é mandar humanos às profundezas do Espaço, mas sim ganhar tempo para salvar vidas.

O autor da técnica é o Dr. Samuel Tisheman, da Escola de Medicina da Universidade de Maryland, que vem tentando conseguir permissão para testes clínicos há mais de cinco anos. Ela é aplicada em vítimas de trauma extremo, como tiros ou facadas, que perderam mais da metade de seu sangue e tiveram uma parada cardíaca. Nestas condições os médicos teriam apenas alguns minutos para reverter o quadro e tentar salvar o paciente, com uma taxa de sobrevivência de menos de 5%.

A técnica consiste em substituir o sangue do paciente por uma solução salina gelada. A temperatura corporal é baixada para 10 a 15 ºC (contra os 36 ºC normais), o que reduz a atividade celular e praticamente para toda a atividade cerebral. Sem pulso ou atividade cerebral, clinicamente os pacientes estão “mortos”.

Neste estado os médicos tem duas horas para reparar danos que normalmente teriam de ser reparados em minutos. Ao final do procedimento a solução salina é substituída por sangue, e o paciente é aquecido de volta à temperatura corporal normal.

Segundo Tisheman a técnica, chamada Emergency Ressuscitation and Preservation (EPR, Ressucitação e Preservação Emergencial), já foi aplicada em ao menos um paciente, embora ele não informe qual a taxa de sobrevivência. Os resultados completos do estudo serão divulgados até o final de 2020, segundo o médico.

Fonte: New Scientist

Colunista

Rafael Rigues é colunista no Olhar Digital