Uma equipe do Laboratório de Estudos de Vírus Emergentes (LEVE) do Instituto de Biologia (IB) da Unicamp, em colaboração com outros docentes do IB, da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) e do LNBio, começou nesta terça-feira (17) o processo de elaboração de um teste para a detecção do vírus causador da Covid-19.
A partir da amostra do coronavírus do primeiro paciente infectado no Brasil, os pesquisadores iniciaram os procedimentos que visam dar agilidade ao diagnóstico local e, assim, contribuir para o controle da doença.
Segundo o coordenador do LEVE, José Luiz Proença Módena, os diagnósticos seguirão sendo realizados pelo laboratório de referência no estado de São Paulo, o Instituto Adolfo Lutz. No entanto, um diagnóstico rápido e local, que deverá ser realizado pela Divisão de Patologia Clínica da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, é importante para dar agilidade ao encaminhamento do paciente.
No processo de controle do coronavírus na China, segundo o professor, a diminuição do número de casos passou pela rápida detecção dos casos positivos e o isolamento imediato dos sintomáticos, com acompanhamento aqueles que apresentavam agravo dos sintomas relacionados à doença. “É algo que estamos tentando mimetizar e fazer igual aqui no estado de São Paulo”, conta o professor.
Como vai funcionar?
A primeira etapa do processo é a expansão do vírus. Essa etapa é realizada introduzindo o microorganismo em células que são suscetíveis ao seu crescimento. Quando a célula está com uma grande quantidade de vírus, ocorre uma alteração em sua forma, chamada efeito citopático, o que é esperado que ocorra em um período de 36 a 72 horas após a infecção.
A partir do efeito citopático, a próxima etapa segue com a inativação do vírus e a extração do seu material genético, o RNA, para a obtenção da substância que será utilizada como controle positivo.
“Com esse controle positivo a gente pode padronizar a reação de detecção, que é uma reação que busca encontrar fragmentos genômicos, ou seja, resquícios genômicos do vírus nas amostras coletadas de pacientes suspeitos”. Caso se encontre os fragmentos, é possível afirmar que um paciente testou positivo para o Covid-19.
O professor lembra que os diagnósticos vêm avançando e já foram desenvolvidos até mesmo kits comerciais para detecção do coronavírus. No entanto, o alto custo torna-os pouco acessíveis.
“Quando você pensa em testar milhares de pessoas acaba sendo proibitivo. Por isso a importância de um protocolo local na tentativa de baratear os custos”. A estimativa de valor, conforme José Luiz, é entre R$50 e R$70 por teste para o HC, incluindo todo o processo, desde a extração da amostra até a realização do ensaio de detecção molecular.
O valor, entretanto, pode sofrer alguma alteração, já que foi calculado antes da declaração da pandemia e antes do pico do dólar.
Após desenvolver o teste de diagnóstico, a equipe ainda pretende ir além, realizando testes de combate ao vírus. “Vamos fazer uma busca ativa de reposicionamento de drogas que já estão validadas para uso humano, tentando encontrar alguma que possa inibir a replicação do vírus para uso imediato naqueles pacientes com sintomas graves em resposta à infecção”, indica o professor.
Fonte: Unicamp / Liana Coll