Novo app de deepfake reforça preocupação com a privacidade

O aplicativo Zao, que se tornou popular na China no último fim de semana, possui em seus termos de uso uma cláusula que indica que os desenvolvedores tem controle sobre as fotos e vídeos enviados
Luiz Nogueira02/09/2019 12h48

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O Zao é um aplicativo de troca de rostos (deepfake) que se tornou bastante popular na China no último fim de semana. O app é capaz de colocar a imagem dos usuários em cenas de centenas de filmes e séries de TV após o envio de uma única foto. O site Bloomberg relata que o software alcançou rapidamente o topo da lista dos mais baixados da App Store chinesa. E, assim como o FaceApp, os criados do Zao agora enfrentam diversos questionamentos sobre a privacidade dos usuários.

O usuário do Twitter Allan Xia postou um vídeo de demonstração do que o aplicativo é capaz. No clipe de 30 segundos, uma foto enviada por ele substituiu o rosto de Leonardo DiCaprio em momentos de filmes famosos. De acordo com Xia, os vídeos foram gerados em menos de oito segundos após o envio de uma única foto. Apesar disso o aplicativo orienta o usuário a tirar uma série de fotografias em diferentes situações – como piscando os olhos e abrindo a boca, para que os resultados sejam mais realistas.

Mesmo com sua popularidade, a política de privacidade do Zao gerou uma reação controversa quase imediata. Isso porque diversos usuários observaram que os termos de uso apontam que o desenvolvedor do aplicativo possui uma licença “gratuita, irrevogável, permanente e transferível” de todo o conteúdo gerado pelo usuário. Ou seja, o aplicativo possui total controle sobre as fotos enviadas e pode utilizá-las como bem entender.

A empresa foi forçada a responder aos questionamentos rapidamente e informou que não usará as fotos e os vídeos dos usuários para nada além de aprimoramento de seu aplicativo. Eles também disseram que vão deletar todos os dados das pessoas que decidirem sair do app e apagar sua conta.

Esse é um caso semelhante ao que ocorreu com o FaceApp. O desenvolvedor foi forçado a esclarecer sua política de privacidade e a oferecer aos usuários a opção de excluir suas fotos de seus servidores, se assim o desejassem.

As pessoas estão cada vez mais conscientes da importância de suas imagens e estão preocupadas com as empresas que não tomam as medidas necessárias para que esses dados sejam protegidos.

Um claro exemplo dessa preocupação está sendo mostrado nas manifestações ocorrendo em Hong Kong. Os manifestantes estão se esforçando para cobrir seus rostos com medo de que a polícia utilize tecnologia de reconhecimento facial para identificar e prender alvos.

Vale lembrar que sempre que um serviço é fornecido gratuitamente, ele pode lucrar com os dados coletados. Às vezes os dados coletados servem para melhorar a segmentação de anúncios ou para treinar sistemas de Inteligência Artificial para melhorar o reconhecimento facial. De qualquer forma, toda e qualquer preocupação com dados pessoais é válida.

Via: The Verge

Luiz Nogueira
Editor(a)

Luiz Nogueira é editor(a) no Olhar Digital