Em uma recente visita à Índia, o engenheiro de software do WhatsApp Alan Kao afirmou que a empresa está avaliando mudanças que pode fazer para evitar a disseminação de notícias falsas por meio do aplicativo. Na Índia, o compartilhamento de mentiras no WhatsApp é um problema extremamente grave, que já causou a morte de pelo menos sete pessoas.
No entanto, a natureza criptografada do aplicativo representa um desafio a qualquer atitude desse tipo. “Nós definitivamente não queremos ver notícias falsas na nossa plataforma e é um problema complexo determinar o que é falso e o que não é”, disse ele ao site local Gadgets 360. “Por causa da criptografia, nós não conseguimos ler o conteúdo das mensagens”, completou.
Lutando às cegas
Para combater o problema, portanto, a empresa pensa em outras maneiras de mudar. Segundo o The Quint, algumas medidas poderiam envolver a educação dos usuários para distinguir notícias falsas de informações de sites confiáveis, e o estabelecimento de regulações do aplicativo para dificultar o compartilhamento de informações.
Kao não deu indícios mais concretos sobre as mudanças que a empresa pretende fazer. No entanto, ele afirmou que “privacidade continuará a ser uma parte fundamental do que nós fazemos”, sugerindo que qualquer alteração ao funcionamento do app não enfraquecerá sua criptografia. “Qualquer mudança que enfraqueça a criptografia seria detectada muito rapidamente. É impossível fazer uma brecha secreta. Você não consegue fazer uma brecha só para um grupo”, continuou.
No Brasil, onde o app tem 120 milhões de usuários, 94% deles consideram o recurso de criptografia importante e 71% usam o app para enviar informações sensíveis. Uma pesquisa da Datafolha revelou também que 57% dos brasileiros consideram o WhatsApp o aplicativo de mensagens mais seguro – o que sugere que o melhor é que a empresa evite mexer na criptografia do app se for fazer qualquer mudança.
Questão de risco
Mas a Índia é um mercado ainda maior para o aplicativo do que o Brasil. Por lá, o WhatsApp tem mais de 200 milhões de usuários, de acordo com o Financial Express. E o ministro de Eletrônicos e Tecnologia da Informação do país, Ravi Shankar Prasad, já se manifestou contra os “vídeos questionáveis” que são compartilhados por meio do aplicativo.
Há também uma investigação na Suprema Corte da Índia sobre a coleta de dados pessoais feita pelo aplicativo. O caso tem uma audição marcada para setembro, e pode ter consequências graves para a atuação do aplicativo no país. Isso representa mais um motivo para que o app dê um jeito de combater o compartilhamento de notícias falsas em breve.