Asteroide pode explicar como água surgiu na superfície de planetas

Corpo celeste marciano encontrado no Deserto do Saara indica processo de reação química como resposta; estudo da Universidade de Tóquio descarta outras teorias
Leticia Riente05/11/2020 13h49, atualizada em 05/11/2020 14h48

20201105111138

Compartilhe esta matéria

Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

Um asteroide de Marte pode ajudar cientistas a entenderem como a água passou a existir na superfície de planetas como a Terra. Apesar de poder ser encontrado em outros corpos celestes pelo universo, a maneira como o elemento surgiu no solo ainda é incerta. Mas o meteorito marciano NWA 7533 indica que o processo tenha sido totalmente químico, desconsiderando outras teorias.

De acordo com o estudo, que gerou um artigo publicado no Science Advances na última semana, a história pode ser estudada por meio de análises de dois asteroides vindos de Marte. A dupla NWA 7034 e NWA 7533 foi encontrada no Deserto do Saara há vários anos e um recente exame feito pelos cientistas da Universidade de Tóquio indicam que os corpos possuem misturas de vários tipos de rochas.

Reprodução

NWA 7034 também foi analisado pelos cientistas, mas foi o NWA 7533 quem deu as respostas. Créditos: Nasa/Divulgação

Água na superfície de planetas

Profissionais da área indicavam duas teorias para o aparecimento da água na superfície de planetas. A primeira é que ela se formou naturalmente durante muitas reações químicas, portanto, uma possibilidade é que a água tenha sido criada durante as reações químicas no início do Sistema Solar. Uma segunda hipótese é que o elemento foi entregue à superfície dos planetas por meio de colisões com cometas.

As análises mais profundas do NWA 7533 concluíram que a origem da água nos planetas é provavelmente mais química do que interplanetária. “Eu estudo minerais em meteoritos marcianos para entender como Marte se formou, e sua crosta e manto evoluíram. Esta é a primeira vez que investiguei este meteorito em particular, apelidado de Beleza Negra por sua cor escura. Nossas amostras de NWA 7533 foram submetidas a quatro tipos diferentes de análises espectroscópicas, formas de detectar impressões digitais químicas. Os resultados levaram nossa equipe a tirar algumas conclusões emocionantes”, afirmou o professor Takashi Mikouchi, da Universidade de Tóquio.

Reprodução

Pesquisadores afirmam que a água, provavelmente, já estava presente na superfície de Marte há 4,4 bilhões de anos. Créditos: Nasa/Divulgação

Cabe destacar que a água cobre cerca de três quartos da Terra e pode ser encontrada em outros planetas do Sistema Solar, incluindo depósitos subterrâneos de gelo em Marte. Acredita-se que há mais de 3,7 bilhões de anos, o planeta vermelho era o lar de vastos oceanos e, possivelmente, de vida primitiva. Quando Marte perdeu sua atmosfera primitiva, esses corpos d’água foram levados para o espaço ou congelados no subsolo. Mas as análises de Mikouchi e sua equipe mostraram que o elemento, provavelmente, já estava presente na superfície do planeta em questão na era mais antiga do Sistema Solar, 4,4 bilhões de anos atrás.

Vale ainda lembrar que saber como a água surgiu na superfície destes planetas por meio de reações químicas pode ajudar os astrônomos a entenderem melhor sobre o elemento em exoplanetas distantes. Além disso, a descoberta pode abrir caminho para compreender sobre o curso da água em Marte, assim como o dos enormes oceanos que cercam nosso planeta.

Via: The Next Web

Colaboração para o Olhar Digital

Leticia Riente é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital