Pesquisadores da Rice University, nos EUA, divulgaram a imagem mais detalhada já feita da nebulosa Eta Carinae (ou Carina), a 8.500 anos-luz de nós. Feita em infravermelho, a imagem foi capturada pelo observatório Gemini South, no Chile.

Segundo o físico e astrônomo Patrick Hartigan “Os resultados são estonteantes. Vemos um nível de detalhes nunca antes observado na borda da nuvem, incluindo um longa série de linhas paralelas que podem ser causadas por um campo magnético, uma notável onda senoidal quase perfeita e fragmentos que parecem estar sendo ‘arrancados’ por fortes ventos estelares”.

As imagens foram capturadas ao longo de 10 horas em 2018, mas só foram reveladas nesta segunda-feira (5). A região fotografada é conhecida como “parede oriental”. e mostra a superfície da nuvem de gás e poeira lentamente evaporando com a intensa radiação emitida por um grupo de jovens e enormes estrelas próximas.

Esta radiação faz o hidrogênio brilhar no espectro infravermelho, e filtros especialmente projetados permitiram que os astrônomos capturassem imagens separadas do hidrogênio na superfície da nuvem e hidrogênio que estava evaporando.

Um filtro adicional capturou luz das estrelas refletida pela poeira, e as três imagens combinadas permitem aos pesquisadores visualizar como a nuvem e as estrelas estão interagindo.

“As novas imagens são muito mais nítidas que qualquer coisa que já vimos antes. Elas nos dão a melhor visão até hoje de como estrelas jovens e imensas afetam seus arredores e influenciam a formação de outras estrelas e planetas”.

O estudo de nebulosas como Carina é importante para entender a formação de sistemas estelares como o nosso, já que os pesquisadores acreditam que todas as estrelas, incluindo nosso Sol, tiveram origem em “nuvens moleculares” similares.

A captura da imagem só foi possível graças a um instrumento chamado Gemini South Adaptive Optics Imager (GSAOI), que usa um espelho que pode mudar de forma para corrigir as distorções causadas por nossa atmosfera. Graças a isso, as imagens podem ter até 10 vezes mais nitidez do que as feitas por um telescópio tradicional.

Além disso seu sensor é capaz de registrar frequências de luz próximas ao infravermelho, que são “transparentes” para o material que compõe a Nebulosa. O telescópio espacial Hubble só “enxerga” luz visível e ultravioleta, que não atravessam os gases.

“Estruturas como a parede oriental serão campos férteis para telescópios espaciais como o James Webb e terrestres equipados com óptica adaptativa, como o Gemini South”, disse Hartigan. “Ambos irão levantar o véu de poeira e revelar mais informações sobre o nascimento das estrelas”.

Fonte: Rice University