Robô vence atletas de curling usando novo método de deep learning

Apelidado de 'Curly', ele consegue corrigir erros conforme aprende novos parâmetros; máquina derrotou times de alta posição em rankings internacionais
Rafael Arbulu24/09/2020 13h44, atualizada em 24/09/2020 13h56

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Um robô carinhosamente apelidado de “Curly” venceu três de quatro partidas disputadas contra atletas de nível mundial do curling – esporte bastante presente nos Jogos Olímpicos de Inverno -, usando um método diferente de deep learning, uma das facetas da inteligência artificial (IA).

O projeto é conduzido por um time de pesquisadores da Coreia do Sul e Alemanha e faz uso do que eles chamaram de “deep reinforced learning”: basicamente, Curly tem um sistema capaz de aprender novos movimentos, ao mesmo tempo em que corrige processos errados.

Ou seja, cada jogada errada era acertada no próximo movimento, minimizando falhas e traduzindo seus cálculos para o universo físico – a partida em si. O robô derrotou times de alta posição em rankings internacionais, incluindo uma equipe profissional feminina e o grupo reserva de atletas paraolímpicos da seleção coreana.

O interessante é que uma das facetas do sistema parecia dedicada a adaptar-se às alterações da pista: como o curling envolve “varrer” o gelo para que a pedra vá mais rápido ou mais devagar, evidentemente essas alterações forçaram o robô a alterar seu plano de jogo. Pelos resultados publicados na Science Robotics, Curly foi capaz de antecipar o momento de tais mudanças no chão, mudando sua estratégia.

“Uma partida de curling pode ser um ótimo ambiente de testes para o estudo da interação entre sistemas de inteligência artificial e o mundo real”, afirma o estudo. “Neste esporte, as características do ambiente mudam a todo instante, e cada arremesso traz um impacto no resultado da partida. Mais além, não há tempo para reaprender durante o jogo, já que há restrições de tempo conforme as regras do esporte”.

O texto continua: “Nossa proposta de mecanismo de adaptação aprimora as técnicas padronizadas de deep learning usando funções temporais, as quais aprendem a compensar por essas incertezas e elementos não fixos que são uma parte inevitável do curling.”

Reprodução

O robô Curly, que usou da inteligência artificial para derrotar adversários em três de quatro partidas de curling. Imagem: Captura/YouTube/Scientific American

Robôs competitivos

Não é a primeira vez que um computador vence uma partida em algum esporte: em agosto de 2019, uma IA chamada “SentiMATE” foi capaz de desenvolver estratégias de xadrez ao assistir diversas partidas e analisar somente os comentários de especialistas do esporte que acompanharam as disputas. Na seara dos eSports, a inteligência artificial “DeepMind“, do Google, venceu 99,8% das partidas de StarCraft II que disputou com pessoas reais em outubro do mesmo ano.

As vitórias do Curly, porém, estabelecem um novo parâmetro: a SentiMATE e a DeepMind protagonizaram seus feitos em ambiente online. O robô do time de cientistas coreanos e alemães protagonizou um dos primeiros casos onde a inteligência artificial conseguiu traduzir a análise computadorizada de dados dentro de um ambiente físico.

“Esses resultados indicam que o espaço entre simuladores baseados no físico e o mundo real pode ser reduzido”, disseram os pesquisadores.

Fonte: Scientific American 

Colaboração para o Olhar Digital

Rafael Arbulu é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital