Um comitê de especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS) endossou um protocolo para testes de medicamentos fitoterápicos tradicionais contra o coronavírus na África. Os documentos técnicos aprovados têm como objetivo “capacitar e desenvolver uma massa crítica de capacidade técnica de cientistas para realizar ensaios clínicos adequados para garantir a qualidade, segurança e eficácia” dos medicamentos feitos à base de ervas locais.

“Assim como em outras áreas da medicina, a ciência sólida é a única base para terapias de medicina tradicional seguras e eficazes”, afirmou Prosper Tumusiime, Diretor de Cobertura Universal de Saúde e Cluster de Ciclo de Vida no Escritório Regional da OMS para o continente africano. Serão conduzidos ensaios clínicos de fase III, essenciais para avaliar totalmente a segurança e eficácia de um novo produto médico.

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Desde maio, Madagascar vem exportando para outros países da região um chá feito à base de artemísia para combater a Covid-19. De acordo com o presidente malgaxe, Andry Rajoelina, 105 dos 171 pacientes identificados com a doença na ilha foram curados com o tratamento natural. À época, a informação foi recebida com desprezo generalizado pela sua falta de rigor científico.

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Andry Rajoelina, presidente de Madagascar, bebe de uma garrafa do tônico Covid Organics ou CVO, à base de artemísia, tido no país como eficiente para o tratamento da Covid-19. Imagem:  Andry Rajoelina (Facebook)/Reprodução

O conselho de segurança e monitoramento de dados da OMS garantirá que as informações coletadas pelos estudos sejam revisadas periodicamente para a segurança dos participantes. O órgão também fará recomendações sobre a continuação, modificação ou encerramento de um estudo com base na avaliação de dados em períodos pré-determinados durante o estudo.

“Se um medicamento fitoterápico for considerado seguro, eficaz e de qualidade garantida”, explicou Tumusiime, sem se referir diretamente ao chá de artemísia, “a OMS recomendará uma fabricação local rápida e em grande escala”.

O presidente do Comitê de Especialistas, Motlalepula Gilbert Matsabisa, afirmou que espera que o protocolo para ensaios clínicos “seja imediatamente usado por cientistas da região para garantir que as pessoas possam se beneficiar do potencial da medicina tradicional para lidar com a pandemia em curso”.

Via: Agence France-Presse