Descoberto em 2004, o asteroide 99942 Apophis preocupou os cientistas por um tempo, já que observações iniciais de sua órbita indicavam uma chance de impacto com a Terra de 2,7% em 13 de abril de 2029 (uma sexta-feira 13, ainda por cima).

Observações posteriores permitiram um cálculo melhor de sua órbita, o que eliminou a possibilidade de impacto daqui a nove anos. Entretanto, ainda existia uma chance pequena, 1 em 150 mil, de impacto em 12 de abril de 2068.

Mas estes cálculos não levam em conta um fenômeno chamado aceleração de Yarkovsky, observado por astrônomos da Universidade do Havaí em Manoa, nos EUA, liderados por David Tholen. Basicamente, o hemisfério do asteroide iluminado pelo Sol gera um pequeno, porém detectável, “empurrão” na direção oposta, o que faz com que o asteroide se desvie da orbita esperada usando puramente cálculos gravitacionais.

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Ilustração da espaçonave DART se aproximando do asteroide Didymos e sua lua, Dimorphos. Imagem: Nasa

Este desvio é da ordem de 170 metros por ano, segundo Tholen. Sua equipe fez a descoberta depois de quatro noites de observação entre janeiro e março deste ano usando o telescópio japonês Subaru, localizado no topo do monte Mauna Kea, no Havaí.

Os pesquisadores coletaram 18 exposições, o que lhes permitiu determinar a localização do asteroide com alta precisão. “Identificamos extremamente bem a posição do asteroide”, disse Tholen, “o suficiente para nos permitir uma forte detecção do efeito Yarkovsky, algo que esperávamos ver há um tempo”.

Entretanto, para determinar com exatidão a possibilidade de colisão com nosso planeta teremos que esperar um pouco. “A aproximação de 2029 é crítica. Depois dela saberemos exatamente onde Apophis estava quando passou por nós, e isso vai tornar muito mais fácil a previsão de futuros cenários de impacto”.

Precaução

De qualquer forma, cientistas já estudam métodos para desviar um asteroide caso necessário. Em julho do ano que vem as agências espaciais dos EUA (Nasa) e Europa (ESA) vão enviar uma espaçonave que se chocará contra a rocha 65803 Didymos, que não representa perigo para nós, para estudar os efeitos do impacto em sua velocidade e trajetória.

Vale lembrar que a Nasa é categórica ao afirmar que, neste momento, nenhum asteroide conhecido representa um risco significativo de impacto com a Terra pelos próximos 100 anos.

Fonte: Space.com