Nesta semana, a Apple revelou ao mundo seus novos iPhones. Com isso, obviamente, muitos ficaram curiosos para vê-lo como realmente são, já que, até o momento, só foram liberadas imagens promocionais. Felizmente, essa exibição acabou de ocorrer.

Como relatado pelo 9to5Mac, os iPhones 12 e 12 Pro foram mostrados no programa matinal Good Morning America, da ABC News.

Além de mostrar as cores dos novos aparelhos e falar sobre as variantes disponíveis, a repórter Becky Worley reforçou a existência de um ímã na parte traseira dos telefones. Esse detalhe serviu para indicar como os novos carregadores MagSafe, que foram projetados para os dispositivos, se encaixarão nos smartphones.

Durante a demonstração, a apresentadora tocou em um ponto importante – e polêmico – dos novos dispositivos: a falta de carregador e fones de ouvido. Para responder a essa questão, Worley conversou com Kaiann Drance, vice-presidente de marketing do iPhone.

Em resposta ao questionamento, Drance disse que “já há tanta coisa no telefone. Há muitos motivos incríveis para isso, e achamos que é um bom preço por tudo isso. Mas, muitas vezes as pessoas já têm essas coisas, e estão largadas em suas casas. Talvez tenham vários desses. Portanto, foi a coisa certa a se fazer em termos de objetivos ambientais mais profundos”. Mesmo com a justificativa, pode ser que os usuários considerem isso uma estratégia da Apple para aumentar seus lucros por venda. 

Venda de aparelhos sem carregador 

Com o anúncio do iPhone 12, feito no último dia 13, a Apple compartilhou uma novidade que fez as redes sociais brasileiras entrarem em acalorada discussão: ao contrário do que vimos em lançamentos anteriores, os novos aparelhos (quatro versões no total) não trarão, na caixa, o carregador de bateria nem os fones de ouvido característicos de todas as edições do smartphone da empresa de Cupertino até então.

Muitos internautas decidiram levar seus questionamentos ao Twitter e ao Facebook, onde a maior parte dos posts, entre reclamações e acusações, afirmava que a prática poderia ser uma de “venda casada”, nome pelo qual é conhecida a oferta de um produto com a obrigatoriedade da compra separada de outro. Tal manobra é ilegal segundo o Código de Defesa do Consumidor.

Alguns internautas mais velhos ainda se lembraram de casos similares onde os mesmos questionamentos foram posicionados, como em 2015, quando a Nintendo lançou o portátil 3DS, também sem o carregador de tomada. Naquela época, tanto quanto agora, a empresa japonesa também teve que aguentar críticas da comunidade, mas não voltou atrás em sua decisão.

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Falta do carregador chamou a atenção dos internautas. Foto: Nor Gal/ Shutterstock

Segundo especialistas ouvidos pelo Olhar Digital, a medida de não oferecer o carregador, ou o fone de ouvido pode até não ser do agrado do consumidor, mas não constitui uma prática ilegal. “A prática de vender aparelhos de telefone celular acompanhados de acessórios – tais como carregadores e fones de ouvido – é tão comum que, aos olhos dos consumidores, parece ser uma regra enquanto, na verdade, é uma praxe do mercado”, afirma Mônica Villani, sócia do escritório Mônica Villani Advogados. “Por esta razão, é possível a comercialização do aparelho de telefone celular somente com o cabo carregador compatível, ou seja, desacompanhado da respectiva fonte de alimentação”.

O Código de Defesa do Consumidor rege de forma bem clara o que constitui uma venda casada: a grosso modo, qualquer item relacionado a um produto que seja considerado essencial deve ser obrigatoriamente oferecido junto à compra daquele produto. Condicionar um item deste tipo a uma compra separada é um ato ilícito. Lembra-se de quando os cinemas brasileiros impediam você de entrar nas salas com comida que não fosse da lanchonete deles? Isso é a chamada “venda casada”: você era obrigado a consumir da comida de um estabelecimento específico, ou assistir ao filme com fome.

Não é o mesmo caso aqui. O carregador (e o fone de ouvido) não são itens essenciais ao funcionamento do smartphone. Talvez a confusão fosse menos percebida com uma mudança na linguagem – a Apple fala em “carregador”, mas tecnicamente, é apenas o plugue de tomada (ou “adaptador de viagem”, se você quer o nome oficial) que estará ausente: o cabo, com conector USB-C, vem na caixa, e qualquer dispositivo que dê suporte a essa tecnologia pode carregar o celular, desde o laptop onde esta matéria foi escrita até a smart TV onde você assiste suas séries.

Via: Engadget