O mais difícil em se contar uma história em capítulos é manter o ritmo depois de um longo tempo. “Mr. Robot” chega ao quinto episódio da segunda temporada (somando, desde a primeira, 15 episódios) e, nesse meio tempo, já passou por diferentes balanços de tom e equilíbrio.

No começo da primeira temporada, por exemplo, o arco de Tyrell Wellick e sua busca por uma promoção na E Corp se arrasta de maneira incoveniente, enquanto o romance entre Elliot e Shayla parece estar ali apenas para atrasar a ação. No fim das contas, porém, a temporada justifica tudo isso e termina em um ponto extremamente alto.

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O mesmo parece acontecer com a segunda temporada. Os primeiros quatro episódios se concentram em desenvolver os personagens e seus dramas pessoais, enquanto evoluem, sem pressa, seus arcos e a grande trama central. No quinto, porém, é quando toda essa preparação parece começar a levar a algum lugar.

A partir daqui, cuidado com spoilers.

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O episódio exibido esta semana no Brasil e nos EUA, “Logic Bomb”, leva a tensão e o ritmo a um novo patamar na temporada. Aquele senso de risco e de perigo iminente que perturbava a cabeça do protagonista, Elliot, na primeira temporada, volta com tudo em uma tensa sequência de hacking que abre o episódio.

Após quatro episódios, o herói da série está finalmente diante de um terminal tentando invadir mais um sistema fechado, dessa vez o do FBI – a polícia federal dos EUA. Como se não bastasse, o hacker é também incumbido de fazer a migração de um site suspeito do misterioso Ray, sob o olhar atento de um de seus capangas.

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Nesse ponto, “Mr. Robot” retoma o vocabulário de TI que tanto marcaram a primeira temporada, com direito a uma referência ao primeiro episódio da série, quando Elliot entrega para a polícia um site de pedofilia na deep web. O que empolga nessa sequência é a euforia do personagem, perfeitamente traduzidos pelo truque de mudança de iluminação e pela performance (sempre impecável) de Rami Malek, que transborda também para quem está assistindo.

Nem tudo neste quinto episódio funciona bem, no entanto. As breves passagens de Mr. Robot, o alter ego de Elliot, parecem não servir para muita coisa, do ponto de vista da evolução da trama. Da mesma maneira, o protagonista tem muito menos tempo de tela do que o normal – uma tendência que vem se repetindo em toda essa segunda temporada, aliás.

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A série também começa a abusar da paciência do espectador com a já repetitiva cena na sala de jantar da casa de Elliot. Quase todos os coadjuvantes próximos ao protagonista já passaram por lá em sequências de confronto, o que tem tornado o cenário um atalho fácil e até, digamos, preguiçoso, para os roteiristas.

Por outro lado, Angela e DiPierro ganham seu maior papel de destaque até agora. A personalidade egoísta da primeira dá as caras em uma excelente cena com seu ex-namorado num bar, enquanto o lado carinhoso e companheiro volta a aparecer na superfície quando ela reencontra Elliot e Darlene. Estes, afinal, são seus amigos de infância e o único laço que sobrou entre ela e seu passado pré-E Corp.

Já a investigadora do FBI tem uma tensa sequência de ação próximo ao fim do episódio, após uma viagem à China que rende alguns bons diálogos com o Ministro de Segurança do país – que nós, espectadores, sabemos se tratar do líder do Dark Army, organização hacker que ajudou a fsociety no ataque de 9 de maio. A tensão entre os dois personagens funciona bem, especialmente porque nenhum dos dois sabe o quanto o outro está envolvido no caso.

Os mistérios da temporada ganham novos contornos – Tyrell está vivo ou não? O que Joanna está pagando para esconder? Quais são os reais interesses do Dark Army? O final leva a tensão para níveis ainda mais altos e só deixa o espectador na ansiedade de saber aonde todos esses acontecimentos, meticulosamente escritos para cada episódio da temporada, vão nos levar.

Leia nosso review da temporada até aqui:

“Mr. Robot” é exibido no Brasil pelo canal Space, toda quinta-feira, às 23h20.