Estamos em Barueri, cidade da grande São Paulo. Mais especificamente na escola municipal Professor João Tiburcio Silva Filho. A escola fica em um bairro periférico de Barueri. Como em tantos outros colégios públicos espalhados pelo Brasil, aqui era comum encontrar estudantes pouco motivados, porque não entendiam completamente a importância da educação formal e também porque não têm afinidade com as metodologias tradicionais de ensino. Muitos não tinham vontade nem de fazer provas, porque sempre iam mal.
Esse era o cenário. Mas, ele começou a mudar por causa da tecnologia. Tudo começou em 2017, quando a Secretaria de Educação da cidade decidiu apostar em um departamento de tecnologia da informação dedicado ao segmento educacional. O projeto, que envolve 113 escolas municipais, e atinge 66 mil alunos e 3.500 professores, transformou o ambiente escolar. Como ponto alto desse novo projeto, as unidades receberam, no começo deste ano, redes Wi-Fi, Chromebooks, óculos de realidade virtual e sistemas de videoconferência. A ideia era aproximar – de verdade – os estudantes da tecnologia. Aquela noção tradicional do laboratório de informática, que é uma sala sempre trancada nas escolas e raramente visitada pelos alunos, foi uma das primeiras a ser modernizada. Desde o início do ano letivo, são os computadores que frequentam as salas de aula comuns — e são usados em todas as disciplinas. Quando chega o momento de receber os Chromebooks, os alunos ficam eufóricos! Os equipamentos são acomodados em um armário especial com rodinhas, que é levado até a sala de aula. Cabem 40 Chromebooks em cada um deles e, no fim do dia, os aparelhos são carregados em conjunto, no próprio carrinho. Os alunos relatam que até melhoraram em algumas disciplinas depois que os dispositivos entraram em cena.
Desde a implantação da nova metodologia, professores, a coordenadora e o diretor relatam que a transformação na comunidade escolar é notável. A Secretaria de Educação de Barueri ainda não tem estatísticas para compartilhar, mas informa que já se percebem muitas mudanças. Uma delas tem relação direta com o índice de faltas: ele diminuiu muito, pois os estudantes não querem deixar de ir à escola nos dias em que terão a possibilidade de interagir com as tecnologias. Nem quando estão doentes querem faltar!
Para garantir que os professores também se envolvessem no projeto, eles passaram por treinamentos na plataforma Google for Education e, agora, passam por capacitação contínua. A responsável pela preparação dos professores foi uma empresa que ajuda instituições de ensino a promover a fluência digital no aprendizado. Isso é importante porque são os professores que vão guiar crianças e adolescentes no processo de envolvimento com a tecnologia. Na visão do Google, por exemplo, essa transformação digital na educação só acontece quando as pessoas passam a usar a tecnologia como um meio, não como um fim.
A coordenadora da escola diz que os professores agora interagem muito mais com os colegas — da própria unidade e de outras. E que até o nível das atividades curriculares e das práticas propostas aos alunos está mais elevado, porque eles percebem que fazem parte de uma rede mais ampla em que todos atuam em conjunto. A Secretária de Educação da cidade diz que até a autoestima dos estudantes aumentou porque eles se sentem cuidados por que hoje têm acesso a tecnologias que pareciam distantes. Experiências que, até então, só estavam disponíveis em colégios da rede particular de ensino.