Cada vez mais ciborgues. Depois de próteses modernas e até implantes de chips, a grande novidade da medicina aliada à tecnologia é a aprovação da primeira “pílula digital” pelo FDA, o órgão que controla medicamentos vendidos nos Estados Unidos. O que até pouco tempo atrás era só roteiro de filme, virou realidade e chama atenção para um futuro promissor.

O medicamento para tratar transtorno bipolar, esquizofrenia e depressão vem em formato de comprimido. A tecnologia embarcada está dentro da pastilha. Um minúsculo sensor digestível do tamanho de um grão de areia feito de cobre, magnésio e silício entra em atividade e emite um sinal elétrico quando entra em contato com o ácido do estômago. O dispositivo então se conecta via Bluetooth a um adesivo (também digital) colado no peito do usuário e as informações são automaticamente transmitidas para o smartphone do paciente. Um aplicativo específico coleta informações fisiológicas e também a data e horário que o remédio foi ingerido. Os dados são também transmitidos para uma plataforma online para que o médico e até outras quatro pessoas escolhidas pelo paciente possam ter acesso.

A empresa responsável pela tecnologia afirma que o paciente tem total controle de quem recebe as informações e pode impedir o acesso a qualquer momento. O objetivo maior da pílula digital é ajudar quem normalmente se esquece de tomar o remédio na hora certa ou tem dificuldade de seguir a prescrição médica. Ainda assim, alguns especialistas ficaram preocupados com o que essa pílula digital pode significar para a privacidade dos pacientes. Há quem acredite que medicamentos rastreados podem ser um passo para punir pacientes que não seguem orientações médicas.

Mas para a maioria da comunidade médica, é um avanço e uma vitória. Afinal, a aprovação pelo FDA abre portas para que outras tecnologias sejam aprovadas no campo da medicina. O  Wall Street Journal informou inclusive que a agência norte americana está antecipando uma série de solicitações de aprovação para outras pílulas digitais.

Interessante é que, desde o ano passado, uma grande companhia aérea britânica entrou com pedido de patente de uma pílula inteligente criada por pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachussets; esta, sem nenhum cunho médico. A British Airways estuda a possibilidade de oferecer um comprimido com sensores embarcados que poderiam medir a temperatura, acidez do estômago, frequência cardíaca e até a fase do sono do passageiro. Com as informações transmitidas para dispositivos da tripulação, os funcionários poderiam atender melhor às necessidades do cliente como, por exemplo, um cobertor para quem estiver frio ou evitando acordar aquele que estiver profundamente adormecido. Acredite, a gente ainda vai engolir muitos sensores. De volta à medicina, já existem pesquisas sobre micro câmeras dentro de comprimidos ingeríveis que vão imagens dentro do seu corpo.