Uma câmera de monitoramento aqui, um wi-fi público ali, a internet das coisas por todos os lados… Esses elementos são encontrados com relativa facilidade na cidade de São Paulo, mas são capazes de fazer dela uma cidade inteligente?
Recentemente, quando a capital paulista foi tomada pelo caos depois de algumas horas de chuva, ficou claro que não. Mesmo com todos esses dispositivos, não foi possível prever – muito menos evitar – que a cidade virasse uma imensa confusão.
Embora esses elementos sejam cada vez mais comuns nas cidades, são apenas o primeiro passo da transformação digital. Fazer a gestão de diferentes aspectos e coordenar ações de forma a facilitar a vida dos cidadãos é o que realmente leva uma localidade a ser inteligente.
Mesmo assim, apesar de todas essas falhas, a capital paulista tem seus momentos de genialidade. A maior parte deles vem em forma de aplicativos. Quer um exemplo? As ferramentas que ajudam o paulistano a escapar do trânsito.
Mais um? O SP+Segura, uma ferramenta colaborativa da Secretaria Municipal de Segurança Urbana. E essa foi desenvolvida por aqui mesmo. Apesar de simples para o usuário, ela usa muita tecnologia para processar os dados recebidos e transformá-los em ações.
Por meio dela, usuários podem avisar uns aos outros sobre as mais diferentes ocorrências. Pode ser falta de luz em uma região, queda de árvore, pichação ou crimes de qualquer tipo. E, com esses dados em mãos, a polícia pode programar atividades em áreas específicas.
Então, o que indica o quão inteligente é uma cidade vai muito além dos dispositivos eletrônicos e das novas tecnologias instalados nela. É o uso que se faz deles que determina isso.
Ou seja, ter inúmeras câmeras de monitoramento espalhadas pelas ruas não dá a uma cidade o status de inteligente. O que faz isso é a forma com as informações obtidas por essas câmeras é usada para o bem coletivo.
Isso quer dizer que, mais do que ter internet das coisas à disposição, é preciso que o conceito seja usado de forma a facilitar o dia a dia dos cidadãos. E isso varia muito dentro de uma mesma cidade, já que as condições e as demandas de cada bairro e de seus moradores costumam ser muito distintas.
Quem deve estar no centro do processo de transformação são os cidadãos, não a tecnologia. Para conseguir isso, é preciso fazer um diagnóstico para saber onde se está e aonde se pretende chegar. Isso pode envolver mais ou menos tecnologias, a depender do que se descobrir nessa análise.
Mesmo quando se pensa em todas as cidades do mundo, é difícil determinar uma que de fato seja inteligente. Um bom exemplo é Singapura, mas seu contexto é completamente diferente da maioria das cidades do planeta: ela é uma cidade-estado e isso facilita a continuidade de diferentes iniciativas.
No Brasil, uma pesquisa recente classificou Uberlândia como a cidade que melhor aplica tecnologia em políticas públicas. E a sua cidade, como pode ser classificada nesse contexto?