Não, não é apenas conversa do seu pai ou do seu avô que sempre diz que a música do tempo deles era mais criativa. Nos últimos anos, os ritmos dos hits são cada vez mais determinados simplesmente pelo número de ciclos de percussão do que pela criatividade propriamente dita. O anuncio do Warner talvez seja apenas uma amostra mais visível de como a música moderna está cada vez mais pasteurizada. A gravadora um algoritmo que usa recursos de inteligência artificial para compor nada menos que 600 músicas, que foram distribuídas em 20 álbuns diferentes. O conteúdo foi parar em serviços de streaming mundo a fora e fez bastante sucesso. O algoritmo até tem um nome de batismo: Endel. Ao contrário de outras plataformas de música, como o magenta Studio do Google, o Endel não é um instrumento para ser usado por músicos de carne e osso: ele é o responsável pela composição das canções do começo ao final. Claro que as músicas originais das combinações numéricas de Endel podem não ter o mesmo grau de criatividade das compostas por seres humanos. Mas, elas se encaixam perfeitamente bem dentro de um dos gêneros de mais fazem sucesso no YouTube e nos serviços de streaming: as chamadas músicas ambientes. São composições feitas para ficar de fundo, animando ambientes, ou embalando pessoas enquanto elas fazem outras coisas. E a versão digital da famosa música de elevador. Endel, o algoritmo é um mestre nesse segmento. As 600 canções foram criadas com um clique de um botão, em questão de minutos e custando praticamente nada. Outras Gravadoras devem seguir o exemplo de Warner e também passar a desejar músicas criadas por inteligência artificial no mercado.
Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital