Lixo eletrônico continua sem leis no Brasil; fizemos um raio-x do problema

Renato Santino14/07/2017 21h06, atualizada em 15/07/2017 22h00

Erro ao reproduzir vídeo: caminho não informado

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Falta informação e conscientização. O lixo eletrônico é um problema ambiental mundial; mas ainda mais agravante em países de terceiro mundo, como o Brasil. Segundo a Organização das Nações Unidas, o lixo eletrônico descartado este ano deve chegar a 50 milhões de toneladas. Pior é que até 90% desse resíduo são comercializados de forma ilegal ou simplesmente jogados no lixo comum.

A América Latina é responsável por 9% desse tipo de resíduo no planeta. Na região, o Brasil é o país que mais produz lixo eletrônico: quase uma tonelada e meia todos os anos. O problema é que apenas 2% disso tudo é reciclado. São poucas as empresas de reciclagem de lixo eletrônico com licenciamento ambiental no país.

Em São Paulo, esta cooperativa faz o trabalho de coleta, análise e encaminhamento para reciclagem com apoio da prefeitura. Caso contrário, o serviço teria que ser pago pelo consumidor e pelas próprias empresas; a exemplo do que já é feito em alguns países mais conscientes do problema.

Ainda que visualmente pareça muita coisa, hoje eles trabalham com apenas 25% da capacidade máxima de 100 toneladas mensais. Entre os diversos fatores responsáveis pelo baixo volume, um dos principais é cultural. Falta educação! Ao descartar o lixo eletrônico de qualquer jeito, o cidadão pensa que está se livrando de um problema, mas não percebe o mal que causa a si mesmo; equipamentos eletrônicos jogados no lixo comum podem gerar uma quantidade significativa de poluentes ao meio ambiente e, claro, prejudicial aos seres vivos – inclusive nós, seres humanos.

No interior do Estado, esta empresa faz o trabalho completo: da coleta à reciclagem. Aqui, eles produzem resina plástica a partir de resíduos eletroeletrônicos reciclados que voltam a serem partes e peças de produtos novos. Tudo que chega aqui, de impressoras a computadores e celulares velhos, é desmontado, descaracterizado e separado de acordo com suas propriedades. Triturado, derretido e granulado, o plástico pode ser utilizado em qualquer máquina de injeção e dar origem a novas peças.

Em 2010, o Brasil foi o primeiro país da América do Sul a criar uma lei para a coleta de lixo eletrônico. A Política Nacional de Resíduos Sólidos responsabiliza os geradores de resíduos sólidos pelo recolhimento de equipamentos descartáveis, como pneus, geladeiras, televisores, pilhas, baterias, computadores e tudo mais. Na teoria, a logística reversa é muito bonita. Mas mesmo depois de sete anos da criação da lei, a questão dos eletrônicos ainda não foi resolvida. Ou seja, não existe fiscalização…

A expectativa é que depois de tanta conversa, o acordo para o setor de eletrônicos da Política Nacional de Resíduos Sólidos saia definitivamente do papel ainda este ano. Pelo menos é o que eles dizem. Depois de tanto tempo só vendo mesmo para crer. Agora, mesmo antes de qualquer ação maior, você pode fazer sua parte: antes de se desfazer de qualquer dispositivo, procure centros de reciclagem especializados no descarte de eletrônicos de forma segura para o meio ambiente. A conscientização é o caminho mais curto para o problema começar a ser resolvido; ainda que o mundo ainda esteja muito longe de uma solução ideal.

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital