Levitação acústica evolui e pode abrir portas para novas aplicações

Renato Santino16/02/2018 20h18, atualizada em 17/02/2018 21h00

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Parece mágica; um objeto levitando no ar. Por enquanto, apenas gotas d’água ou pequenas esferas de isopor – o que, para a maioria de nós, já é bastante surpreendente. Agora, uma nova descoberta sobre levitação acústica indica que a ciência pode estar a caminho de fazer coisas muitos maiores e mais pesadas flutuarem; como nós, seres humanos. Já pensou?! Flutuar?! O fenômeno físico é simples de ser explicado: ondas sonoras de alta frequência, impossíveis de serem captadas pelo ouvido humano, exercem força capaz de compensar a ação da gravidade. Assim, o objeto fica suspenso no ar…

O fenômeno não é novo – principalmente para os físicos. Os primeiros estudos sobre levitação acústica são dos anos 30, na Alemanha. Na época, a ideia era apenas observar o comportamento de ondas sonoras estacionárias. Nos anos 80, a Agência Espacial Norte Americana, a NASA, usou ondas sonoras para manipular objetos dentro de uma espaçonave. A novidade agora é que engenheiros da Universidade de Bristol, no Reino Unido, demonstraram que é possível levitar objetos maiores do que o comprimento de onda do som – o que não havia sido possível até então…

Levitar e manipular pedras no rim sem a necessidade de qualquer intervenção cirúrgica seria uma das primeiras aplicações da descoberta. Mais do que isso, a novidade pode abrir portas para o desenvolvimento de medicamentos mais eficazes ou até implementos microcirúrgicos dentro do corpo humano…

Você deve estar se perguntando: e a tal ideia de levitar seres humanos ou objetos realmente grandes? Isso, sim, seria incrível. Os pesquisadores de Bristol dizem que tudo o que é necessário agora para levitar grandes massas é mais poder acústico – o que envolve tecnologia. Os cientistas já sonharam antes com o uso de levitação acústica para flutuar objetos, mas nunca antes foi possível levantar um objeto maior do que o comprimento de onda. Neste experimento mais recente, os pesquisadores levitaram com sucesso uma bola de plástico 3,6 vezes maior do que as ondas ultra-sônicas que a sustentavam. Ainda assim, há quem diga que estamos muito longe de levitar um ser humano…

Talvez ainda leve um tempo para a gente ver alguém levitar só com o poder acústico – o que depende não só de uma evolução da ciência, para entender melhor o fenômeno, como da própria tecnologia, para criar aparelhos eletrônicos mais potente, com maior controle e, ao mesmo tempo, seguros para novas aplicações. Mesmo sem levitar, a ideia de manipular objetos dentro do corpo humano e a possibilidade de criar medicamentos mais eficazes já é um avanço a ser comemorado.

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital