Fintechs! O nome surgiu da junção de duas palavras em inglês: financial technology. Em português, tecnologia financeira. São empresas novas e inovadoras que prometem revolucionar o mercado financeiro – o último grande setor que ainda não passou pela revolução da desintermediação. Como, por exemplo, o Uber fez nos transportes; o AirBnb nas acomodações e tantos outros…
Na Europa o nos Estados Unidos, o cenário das fintechs já é realidade há mais de seis anos. Por aqui, em pouco mais de um ano e meio, são mais de 250 iniciativas desse tipo: startups que oferecem serviços de crédito, investimentos, gestão financeira e até meios de pagamento. Enquanto um banco tradicional (com uma estrutura enorme) tem cerca de 4 mil produtos e serviços diferentes, uma fintech (com estrutura bem mais enxuta) se concentra em um ou pouquíssimos serviços – e faz isso da melhor forma possível.
Muito popular entre os jovens, este cartão roxinho representa uma das fintechs de maior expressão no Brasil. Combinando eficiência, atendimento diferenciado e menor preço, a startup oferece um cartão de crédito sem cobrar anuidade. Os gastos são controlados através de um aplicativo no qual é possível inclusive alterar seu limite com um clique. O cartão ainda cobra taxas de juros abaixo do mercado. E a resposta para tudo isso está na estrutura enxuta e, consequentemente, mais barata. Assim, boa parte dessa economia é diretamente repassada aos usuários do cartão.
Mas as fintechs vão além dos meios de pagamento. Fomos conhecer outras duas iniciativas que estão crescendo a passos largos no país. Neste espaço relativamente pequeno – principalmente se compararmos a um grande banco e suas inúmeras agências – , este pessoal criou a maior plataforma de crédito online do Brasil.
No mesmo modelo do cartão roxinho, a estrutura enxuta permite que essa economia seja repassada ao tomador de crédito. Para se ter uma ideia, enquanto a taxa de juros anual quando você pega um empréstimo no banco gira em torno dos 100%, neste serviço online ela cai para aproximadamente 55% – quase metade.
Como o próprio nome diz, as fintechs abusam da tecnologia para oferecer serviços diferenciados. Neste caso, um algoritmo baseado em inteligência artificial foi desenvolvido para aprovar o crédito apenas para clientes “bons pagadores”. Além das informações de mercado, como consulta ao Serasa, SPC e outros serviços, robôs avaliam também o comportamento de navegação do possível cliente, seu uso das mídias sociais e até que tipo de aparelho celular ele tem…
Agilidade, praticidade e informalidade chamam atenção, mas é quando as fintechs mexem no bolso dos clientes que elas fazem a diferença. Esta startup, ainda menor, cuida inteiramente do seu investimento. Associada a uma instituição financeira maior, eles controlam o dinheiro dos clientes. Para equilibrar menor custo e risco pequeno, eles desenvolveram um sistema operacional próprio e ainda contam com um esquadrão de robôs conselheiros.
Outro diferencial que faz com que muitas fintechs conquistem e fidelizem rapidamente seus clientes é a relação que elas mantém com seus usuários – bem diferente das grandes instituições, o atendimento é personalizado, a burocracia é infinitamente menor e, na medida do possível, esse pessoal faz o possível para que as informações sejam o mais claro possível.
Interessante é que os bancos veem com bons olhos esse momento das fintechs – existe um grande movimento de aproximação entre as grandes instituições financeiras e essas startups. O próprio Banco Central mostrou interesse; afinal, a chegada dessas pequenas empresas tornaria o mercado financeiro ainda mais competitivo. Aí, quem ganha somos nós, usuários; o cenário é animador e (ao que tudo indica) bem mais transparente e econômico.
A expectativa, segundo a consultoria Accenture, é que até 2020 as fintechs dominem 35% das receitas dos bancos em alguns países da Europa e da Ásia e também nos Estados Unidos. Se tantos modelos de negócio já foram revolucionados pelo digital – como o transporte, o entretenimento e até o comércio – parece que finalmente chegou a vez dos bancos. E se a gente for ainda mais otimista, quem sabe em um futuro próximo não chegue também a vez dos seguros e dos planos de saúde…