Entenda como os pneus de aviões suportam toneladas

Roseli Andrion04/04/2020 15h28, atualizada em 04/04/2020 22h00

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Quanta tecnologia você acha que é aplicada para fazer dos aviões o meio de transporte mais seguro do mundo? Muita, é verdade! E por todas as partes… tente imaginar tudo de mais tecnológico que está embarcado aqui, na cabine de um Airbus A320? Ou então nesta gigantesca turbina com hélices de carbono – o motor mais moderno da avião civil? Mas e aqui embaixo, nos pneus?! Mesmo quem está acostumado a voar (e até trabalha na aviação), às vezes menospreza, esquece ou dá pouca atenção aos pneus das aeronaves, afinal… são apenas pneus, certo? Errado!

Apesar do pouco glamour, os pneus aeronáuticos são item primordial para garantir a segurança dos passageiros e a integridade da aeronave. São esses pedaços de borracha que sustentam as dezenas de toneladas de um avião, absorvem grande parte do enorme impacto na hora do pouso, rodam a mais de 300 quilômetros por hora durante a decolagem e ainda suportam variações de temperatura extremas. Se durante o voo o pneu pode chegar a menos 60 graus centígrados, o atrito com a pista eleva esquenta a borracha acima dos 80 graus.

Em comum com o pneu dos automóveis, só o nome e o formato. Os pneus dos aviões são fabricados com borracha natural, extraída de seringueiras – o que garante resistência às altas temperaturas. Nos carros, a maioria dos pneus são feitos de borracha sintética. Por dentro, a estrutura do pneu do avião é composta por diversas camadas de lona. As bandas de rodagem, o lado externo, incorpora outras camadas de reforço bastante resistentes.

Durante o pouso, o freio de carbono de um Airbus A320 como este pode chegar a 900 graus centígrados. Uma ventoinha potente e projetada dentro da roda trabalha em altíssima velocidade para dissipar esse calor. Os pneus são monitorados por sensores em tempo real e ainda contam com um artefato de segurança bastante peculiar instalado na roda; o fusível térmico, que entra em ação se a temperatura da borracha ultrapassar os 150 graus.

São mais de 500 medidas diferentes de pneus para aviões. Com tantas peculiaridades, nenhum deles é barato. O pneu principal de um trem de pouso pode ultrapassar os cinco mil dólares a unidade; mais de 17 mil reais! Atrás apenas do combustível, os pneus representam o segundo maior custo operacional de uma aeronave.

Outra grande diferença dos pneus dos aviões é que eles são fabricados para serem recauchutados. De novo, esqueça a comparação com os pneus automotivos. A carcaça de um pneu de aviação tem estrutura própria para diversas recauchutagens. A vantagem é que um pneu reformado custa cerca de 35% do valor de um novo. Hoje, em todo o mundo, cerca de 80% dos pneus presentes nas aeronaves são recauchutados e isso, de forma alguma, pode significar menos segurança.

Por questões óbvias de segurança, inspeções minuciosas são feitas nos pneus das aeronaves diariamente a cada pouso.

Enquanto esses gigantes dos ares evoluem para serem ainda mais seguros, transportar cada vez mais carga e atingir velocidades ainda mais altas, a indústria de pneus aeronáuticos segue o mesmo ritmo para desenvolver pneus mais leves e resistentes. O tipo de equação que só é resolvida com muita tecnologia.

Colaboração para o Olhar Digital

Roseli Andrion é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital