Uma das características revolucionárias da Inteligência Artificial é a capacidade de entender literalmente como a gente fala ou escreve. As máquinas já conseguem não só capturar uma informação em linguagem natural como fazer toda análise do contexto. Nos hospitais, essa tecnologia promete transformar o atendimento. E tudo começa com um documento nada digital…
O prontuário médico é um dos documentos mais antigos da história. Nome, idade, sintomas, exames, doenças, tratamentos. Em 1943, o Hospital das Clínicas, em São Paulo, foi o primeiro a implantar um processo de cadastro no Brasil. Setenta e cinco anos depois os prontuários de seus pacientes ganharam forma digital. A soma deles todos se transformou num imenso banco de dados. Com isso, acabou o desafio de entender a temida “letra de médico”. Além disso, os ganhos em organização e, principalmente, velocidade, são incríveis.
Eliminar os papéis foi apenas o primeiro passo. Agora, os dados digitais dos pacientes começam a ser tratados pela Inteligência Artificial.
No caso de um grande hospital paulista, mais de sete mil prontuários foram usados para treinar a plataforma de Inteligência Artificial. O primeiro passo foi um ser humano “ensinar” a máquina como ler um prontuário e dizer se o paciente tem alguma doença além daquele problema momentâneo que o levou ao hospital – uma informação sempre presente nos dados médicos do paciente, mas que nem sempre aparecia de maneira clara.
Antes, um codificador humano era designado a ler cada um dos prontuários, entender e então indicar algum problema. Hoje a máquina é capaz de fazer o mesmo trabalho, com precisão em torno dos 90% e em muito menos tempo…
Ainda mais interessante é que as informações extraídas de um prontuário não servem apenas para aquele paciente. O uso da Inteligência Artificial neste caso traz um benefício maior. Com base nos dados, é possível criar um algoritmo capaz de, além de analisar, estabelecer correlações entre diagnósticos de diferentes pacientes.
Novas aplicações da Inteligência Artificial na saúde não param de surgir. Recentemente, uma empresa ligada ao Google anunciou um sistema inteligente que consegue diagnosticar mais de 50 problemas relacionados apenas aos olhos de uma pessoa; é possível prever câncer, riscos cardíacos e até prever a personalidade do indivíduo. O algoritmo da DeepMind detecta as condições com a mesma precisão de um oftalmologista e, no final, ainda recomenda os procedimentos mais indicados.
De volta ao Brasil, aqui nesta sala, a Inteligência Artificial mais uma vez surpreende. Aqui, a plataforma digital faz análises de imagens de ressonância magnética e, sozinha, indica se o paciente tem ou não determinada doença.
É importante ressaltar: em nenhum desses casos a tecnologia substitui o profissional – o que ela faz é aumentar a capacidade humana ao dar mais informações para um decisão mais rápida e mais precisa do médico. Ela também melhora a velocidade de atendimento, ao acelerar processos de triagem, por exemplo.