Cinema brasileiro enfrenta os desafios da realidade virtual

Renato Santino21/07/2017 21h13, atualizada em 22/07/2017 22h00

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Na semana passada a gente mostrou o atual e surpreendente cenário da Realidade Virtual no cinema; apesar de o Brasil ainda engatinhar no uso da tecnologia, já existe muita coisa interessante acontecendo no mundo com experiências cada vez mais imersivas e histórias bem contadas em 360 graus; inclusive já há diretores consagrados e até brasileiros apostando na novidade. A chegada de um novo formato transforma tudo em desafios inéditos para o mundo do cinema: desde a forma de pensar, criar e produzir, até como e onde exibir esse tipo de conteúdo.

Para quem já trabalha com produções em Realidade Virtual há algum tempo, o principal desafio ainda é artístico. O quadro explodiu! Aquele retângulo que estamos acostumados há mais de 120 anos – a janela mágica – acabou. Agora está tudo em cena o tempo todo. Pelo menos no local das gravações, não existe mais bastidores nem a cadeira do diretor por trás das câmeras…

Ainda que seja um novo aprendizado para todos os profissionais envolvidos, os conceitos do cinema continuam valendo. A tecnologia por si só não chegará a Cannes ou receberá uma indicação ao Oscar. Apesar de pensarmos em uma completa imersão no filme, de certa forma, o enquadramento do que realmente interessa ainda vai estar lá – mesmo que não seja perceptível.

No Brasil ainda não existem câmeras profissionais de cinema para conteúdo em Realidade Virtual. Fora daqui, sim, existem algumas câmeras interessantes que estão sendo testadas. No curta Step to the Line, Laganaro usou uma câmera da Nokia de 45 mil dólares para mostrar a realidade de duas prisões de segurança máxima nos Estados Unidos; o próprio Google anunciou uma câmera profissional para Realidade Virtual um pouco mais acessível – 17 mil dólares. Mas equipamentos amadores, que custam infinitamente menos, também são interessantes…

A pós-produção também é um problema ainda. O “stitch”, a união das imagens captadas pelas diferentes câmeras para criar uma só, ainda não é automatizado na maioria das situações – a não ser nesses equipamentos caríssimos; e, mesmo assim, o resultado final nem sempre é perfeito. Aqui no Brasil, o trabalho chega a ser artesanal. Dá trabalho! Além de cara, a pós-produção leva pelo menos o dobro de tempo de um filme normal.

Independente dos obstáculos, como você viu na semana passada, já tem muita coisa legal rolando nesse universo paralelo. Mais ou menos difícil, uma coisa é certa: tecnologia não é mais barreira…

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital