O fim de semana foi marcado pelo acidente envolvendo um avião da Ethiopian Airlines. O que todo mundo se pergunta agora é se as causas da tragédia podem ter a ver com uma alteração de software feita pela Boeing para a aeronave. A explicação tem a ver com a enorme competição do setor. Quando a Boeing resolveu lançar o 737 MAX 8, a ideia era evitar que a Airbus ganhasse mais mercado com o seu A320 – um modelo mais econômico que o 737.
E um dos argumentos de venda era que os pilotos das companhias aéreas que já manobravam o antigo 737 não precisariam ser retreinados – o que sempre gera altos custos para empresas aéreas. Para conseguir isso, a Boeing criou um novo avião que não tinha praticamente nenhuma diferença em relação ao anterior – mas era mais econômico.
Porém, havia um problema: os motores maiores do 737 MAX faziam com que o avião pudesse ter problemas de estabilidade no voo, com o nariz do avião podendo apontar para cima, correndo o risco do que os técnicos chamam de stall – que é quando a aeronave entra num ângulo de subida tão acentuado, que pode fazer com que ela perca sustentação. Para evitar esse risco, um dos sistemas de navegação teve linhas de código alteradas, criando um mecanismo que automaticamente corrige o comportamento da aeronave.
Autoridades americanas e europeias entenderam que, mesmo com essa mudança, os pilotos não precisariam passar por novos treinamentos. No Brasil, o entendimento foi diferente – e os pilotos brasileiros só podem voar o 737 MAX depois de passar por novos treinamentos. Acontece que, agora, com o segundo acidente em menos de seis meses, há grandes especulações de que as tragédias podem ter sido causadas justamente por um mau funcionamento desse sistema…