Com os pés no chão ou a 10 mil metros de altura, ninguém quer ficar desconectado. Nos Estados Unidos e Europa, a maioria das companhias aéreas já oferece serviço de conectividade a bordo. A principal tecnologia para levar o sinal de internet para dentro dos aviões é via satélite. No Brasil, o serviço ainda é novidade – por enquanto, apenas duas empresas oferecem conexão durante o voo.
Até pouco tempo atrás, os aviões conectados costumavam oferecem conexão de, no máximo, 20 megabits por segundo… mas, não se anime: isso era para ser dividido por todos os passageiros. Até daria para trocar mensagens e ler e-mails, mas dificilmente fazer uma videochamada ou usar serviços de streaming. A boa notícia é que os satélites que levam conectividade para dentro das aeronaves evoluíram bastante nos últimos anos. Atualmente, os novos satélites dedicados à conexão dos aviões são os chamados HTS – High Troughput Satellite ou, simplesmente, satélites de alta velocidade.
Ou seja, em termos de tecnologia, hoje é totalmente possível que um passageiro possa fazer no céu, tudo o que faz em solo; inclusive acessar serviços mais pesados como streaming e até assistir vídeos online.
“Há muita capacidade (de conexão) no céu. A questão é quanto as companhias aéreas desejam disponibilizar por aeronave, quanto elas querem pagar por aeronave. Então, se você tiver 100 passageiros a bordo e precisar de capacidade para conectar todos, ela estará disponível. Existe capacidade suficiente para os 100 surfarem na internet ou até assistir um filme no Netflix. Capacidade nunca é o problema, mas sim quanto as companhias aéreas querem investir por aeronave ou por passageiro”, conta Aditya Chatterjee, CTO da Global Eagle Entertainment.
É caro colocar uma conexão de gigabit dentro de um avião. Satélite está longe de ser um serviço barato, mas outra boa notícia é que não custa muito usar o Wi-Fi do avião…nem nos Estados Unidos, nem por aqui…
A Gol, uma das primeiras empresas a oferece o serviço no país, tem pacotes a partir de 8 reais – o que já é suficiente para usar serviços de mensagens e navegar na web; já para usar mais dados e acessar serviços de streaming ou até fazer uma vídeo chamada, o preço da conexão durante o voo fica entre 20 e 30 reais. Nos Estados Unidos, as companhias cobram, em média, a partir de 7 ou 8 dólares – e o pacote mais robusto sai por uns 14 dólares. Aliás, na terra de Donald Trump, algumas empresas até oferecem conectividade gratuita – quer dizer, provavelmente, os 7 ou 8 dólares estão embutidos no preço da passagem.
Apesar do preço, hoje apenas 10% dos passageiros compram serviço de conectividade a bordo. Uma pesquisa realizada pela principal empresa responsável pelos satélites dedicados às aeronaves diz que se o serviço fosse gratuito, 50% dos passageiros usaria o Wi-Fi do avião. E se o preço caísse um pouco mais, para cinco dólares, por exemplo, esses 10% se tornariam 40% de um dia para outro.
Atualmente existem 8 mil aeronaves conectadas em todo o mundo. Em cinco anos, a expectativa é que esse número suba para 15 mil aviões; e, em 8 ou 9 anos, atinja 23 mil aviões com conectividade a bordo. Aqui, na nossa regiões, a América Latina, a expectativa é de que haja um boom ao longo dos próximos oito anos, alcançando mais de 1500 mil aviões conectados.
“Nossa empresa constrói satélites. Nós temos muitos satélites no céu agora. E temos um plano de lançar mais 20 satélites nos próximos cinco anos. E, quer saber? Cerca de sete ou oito desses satélites vão olhar para o Brasil. Aliás, estamos construindo um satélite que vai ser lançado agora, em janeiro de 2018, que vai usar a órbita brasileira. Você entende o que isso significa, certo? Eu acho que o Brasil e, especificamente a América Latina está em um alto nível de crescimento. Hoje vocês têm uma ou duas companhias oferecendo o serviço, mas, em breve, vocês verão mais e mais. Todo mundo vai se acostumar a estar conectado em qualquer companhia aérea. E se você ver que a companhia não oferece conexão, você vai olhar para o lado e comprar passagem de outra que esteja online”, conta Chatterjee.