A essas alturas, a tendência parece inevitável: enquanto a TV por assinatura tradicional vê seus números despencar, o streaming não para de crescer. Aparentemente, os consumidores não enxergam lugar para os dois serviços no mesmo bolso. Nos Estados Unidos, a queda no número de assinantes não fenômeno novo e já prolonga por muitos anos. Só que o ritmo vem se acelerando. Por lá, o maior decréscimo está entre os assinantes que usam o sistema de TV por satélite. Mas as operadoras de cabo também amargam perdas. Em 2017, foram um milhão, quinhentos e cinquenta e cinco mil assinaturas canceladas. No ano passado, 2018, os cancelamentos saltaram para mais de 3 milhões. Para analistas de mercado, esse é um caminho sem volta, e pode ser explicado por vários fatores, entre eles, a mudança de hábitos. Especialmente as novas gerações não mais se acostumam com a ideia de zapear por 60, 80 ou mais canais e não encontrar nenhuma atração que as satisfaça. Tem também a noção de que se paga demais para receber canais que não fazem sentido. Tudo isso vai na contra-mão do streaming, em que se pode assistir o que se quer quando se quer e do jeito que se preferir. E, detalhe importante, sem comerciais interrompendo os conteúdos. À medida que a internet de alta velocidade se espalha e mais produtores de conteúdo aderem ao modelo do streaming, o futuro da TV por assinatura parece cada vez mais incerto. A entrada da Disney nesse segmento ainda esse ano pode se tornar mais um incentivo para consumidores abandonarem de vez o modelo das TVs pagas.
Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital