Aos poucos, documentos digitais começam a tomar o lugar dos de papel

Renato Santino24/05/2019 22h53, atualizada em 25/05/2019 22h00

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Além de não ser ecologicamente sustentável, o papel praticamente não faz mais sentido em diversos contextos. Cartas ou mensagens de texto? Lista de mercado? Fotos? Até mesmo as contas para pagar! Hoje é quase tudo digital. Assim como a maioria dos serviços que a gente consome: filmes, música…a própria conta bancária, nosso dinheiro. Está tudo ali, na palma das mãos, no smartphone. Espera, mas se não faz mais sentido, por que então a gente continua com carteira de motorista, RG, título de eleitor, um monte de documentos com números diferentes, todos impressos…em papel? Acredite, essa realidade está com os dias contados!

O melhor exemplo vem do velho continente. Na Estônia, cada vez menos gente usa documentos em papel. O país europeu tem um dos sistemas de identificação digital mais modernos do mundo. Além de um cartão unificado com todos os dados pessoais, o cidadão estoniano já pode usar um aplicativo no celular como forma de identificação oficialmente reconhecida pela união europeia. O sistema é baseado em um chip de celular especial que armazena com segurança todos os dados do usuário. Aí você pode pensar: mas assim é fácil; com pouco mais de um milhão de habitantes…quero ver no Brasil, com quase 210 milhões.

Bom, a Austrália tem cerca de 25 milhões de habitantes, e lá a identidade digital por aplicativo também já é realidade há algum tempo. Todas as informações legais do cidadão australiano estão disponíveis para serem usadas através de um app oficial do governo no celular. E se ainda parece “pouco”, o ministerio da segurança pública da china emitiu seu primeiro lote gratuito de 50 mil chips de identificação eletrônica para smartphones. Diversos países dão os primeiros passos rumo a essa tendência mundial. E, a partir do segundo semestre, nós, brasileiros, também vamos poder usar o celular como documento oficial…

A ideia é fazer com que o cidadão deixe de andar com diversos documentos em papel para passar a usar apenas um único aplicativo no smartphone. Isso envolve a unificação de todos os documentos em um único registro digital. Hoje, no país, nós já temos em funcionamento o título de eleitor digital e a carteira nacional de habilitação disponível para algumas pessoas também de forma digital. Ambos funcionam de forma independente, em aplicativos distintos e cada um com sua finalidade específica. Mas, em breve, o documento nacional de identificação vai substituir todos eles…papéis e digitais.

Diferente do que acontece em muitos países, o DNI vai ser emitido apenas na forma digital, em aplicativo para smartphones e tablets. O documento vai formar uma base única e centralizada dos dados e impressões digitais de todos os brasileiros. Muito legal, mas será que o documento digital é mais seguro que o papel?! A gente sabe, nada digital é 100% seguro. O que se sabe até agora é que os dados dos cidadãos serão protegidos por criptografia nos smartphones. Ou seja, a informação fica armazenada em forma de código e só ser pode ser corretamente lida por quem possui a chave para o segredo.

O aplicativo vai apresentar também um qr code, criado de forma dinâmica a cada novo acesso, mantendo os dados de validação vinculados a data e a hora de sua geração.

É um caminho sem volta. Interessante também é que, ao mesmo tempo que tantos governos, como o brasileiro, ensaiam o lançamento de seus aplicativos oficiais, algumas iniciativas privadas mais adiantadas já convertem os documentos de identificação física em versões digitais com bastante segurança. A startup britânica yoti desenvolveu uma dessas tecnologias. O app já conta com mais de um milhão de downloads e vem sendo aprovado por algumas autoridades mundo afora. Para se cadastrar, basta uma selfie, uma senha e um vídeo para provar que você é mesmo um ser humano. O cenário mostra que, independente do esforço de cada nação, a identidade digital, no smartphone, só não vai funcionar mesmo quando a gente ficar sem bateria no telefone…

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital