Analisamos o Moto G6 Plus; veja o vídeo

Redação04/05/2018 16h11, atualizada em 26/05/2018 14h00

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Por Lucas Carvalho

Se iPhone e Galaxy S são os smartphones que servem de referência para o mercado quando o assunto é top de linha, o Moto G é a referência do mercado brasileiro quando o assunto é sobre smartphones intermediários.

O modelo mais popular da Motorola chega à sua sexta geração em três modelos: Moto G6, Moto G6 Play e Moto G6 Plus. Este último é o carro-chefe da marca no momento e possui preço sugerido de R$ 1.599, para combinar com a ficha técnica.

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A pergunta que não quer calar é: o Moto G6 Plus é bom? Passamos alguns dias com o celular para testes e contamos, no vídeo acima e nos parágrafos abaixo, tudo o que achamos sobre mais este smartphone popular da Motorola.

Design e tela

Por muito pouco, você pode confundir o Moto G6 Plus com o Moto X4, um intermediário premium lançado em 2017. O celular mais novo lembra bastante o primo da linha X, especialmente por conta do vidro na parte traseira, escolha atípica da Motorola.

Normalmente, para conter custos, celulares mais básicos são construídos em metal ou plástico em vez de vidro. Mas aqui a Motorola não poupou esforços: a traseira é coberta em Gorilla Glass e possui um efeito que deixa o reflexo curvo, o que a fabricante chama de “vidro 3D”.

É chamativo, mas pouco funcional. Por mais resistente que seja, o vidro 3D do Moto G6 Plus ainda é só vidro, e tem muita chance de quebrar se, por acidente, o celular cair no chão de uma altura razoável. Se isso acontecer, não é só com a tela que você terá de se preocupar.

O vidro também deixa a sujeira mais visível do que metal ou plástico, e agrega muitas marcas de dedo com apenas alguns minutos de uso. E vale destacar que, apesar do vidro, o G6 Plus não possui suporte a carregamento sem fio. Ou seja, o vidro está ali apenas para embelezar e fragilizar o aparelho.

Para resolver tudo isso, basta usar uma capinha de silicone – que, aliás, já vem na caixa do Moto G6 Plus, o que é muito conveniente. Ela protege a traseira e a mantém limpa. Mas, por outro lado, a case também esconde toda a elegância do vidro 3D. Cabe ao usuário escolher se prefere segurança ou beleza. Os dois ao mesmo tempo, não dá.

Uma característica que a capinha não disfarça é a protuberância da câmera. Falaremos sobre a performance da câmera dupla traseira mais adiante, mas vale destacar que, no Moto G6 Plus, assim como outros aparelhos da Motorola, a câmera traseira é mais saltada que o normal.

Isso deixa o vidro da câmera mais suscetível a danos, já que ele fica mais exposto do que o resto do aparelho. Na linha Moto Z, há quem diga que essa protuberância dá sustentação aos acessórios modulares. Mas como o Moto G não tem suporte a Moto Snaps, essa câmera saltada não se justifica aqui.

Esses defeitos não tiram os méritos do design do Moto G6 Plus, que é muito caprichado de um modo geral. Leves curvas nas laterais da parte traseira deixam o celular mais confortável e seguro na mão, permitindo um encaixe melhor.

Outro destaque é o bom posicionamento da entrada de 3,5 milímetros para fones de ouvido, que fica do mesmo lado que a entrada do carregador, quel, desta vez, finalmente, é USB-C em vez de micro USB. Ele também é Dual Chip e tem suporte a um cartão micro SD, sem ocupar o espaço de um dos cartões de operadora.

Completando a aparência do Moto G6 Plus está a tela de 5,9 polegadas. O display tem formato 18:9, mais esticado na vertical, que a fabricante chama de “Max Vision”. Trata-se de uma tendência que outras fabricantes têm seguido para deixar a parte frontal do smartphone com bordas menores e tela maior.

Não é exatamente esse o caso com o Moto G6 Plus, que tem bordas bem visíveis em todos os lados apesar do display mais alto. O painel tem resolução Full HD+ (2.160 x 1.080), com 407 pixels por polegada. As cores são bem vibrantes e o brilho é bem alto, numa performance incrivelmente competente para um display LCD, mas que ainda não é tão bom quanto um OLED.

Abaixo da tela fica o leitor de impressões digitais, que neste ano está mais achatado, mas continua funcionando muito bem. Só não dá para entender por que a Motorola preferiu reduzir o tamanho do sensor só para acomodar o seu logo na parte frontal do celular. Se tirassem o logo, poderiam ter feito um celular com bordas ainda menores ou um leitor de digitais maior.

Todos esses números querem dizer que o Moto G6 Plus não é feito para quem tem mãos pequenas. A tela alta de 5,9 polegadas torna praticamente impossível usar o celular com uma mão só. Mas se você já está acostumado a smartphones grandes, não vai ter problemas com este aqui.

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Performance e bateria

O Moto G6 Plus vem com processador Snapdragon 630 de oito núcleos, com quatro de 2,2 GHz e outros quatro de 1,8 Ghz. É o mesmo chipset utilizado pelo já citado Moto X4. Além disso, o novo Moto G tem 4 GB de RAM e 64 GB de espaço interno de armazenamento.

No entanto, só 51 GB vêm realmente livres quando você tira o Moto G6 Plus da caixa. Parte do espaço interno já vem ocupado pelo Android 8.0 Oreo com pouquíssimas modificações e alguns apps básicos pré-instalados, nada que extrapole o bom senso.

Os números não dizem, mas a performance do Moto G6 Plus, na prática, é muito boa, especialmente por conta do software. A Motorola é uma das poucas marcas de smartphones com atuação no Brasil que não colocam modificações pesadas sobre o Android, o que faz a usabilidade ser bem mais leve e fluída.

Com processador intermediário, boa memória e Android quase puro, o Moto G6 Plus cumpre a promessa de uma experiência livre de travamentos na maior parte do tempo. Isto significa que ele roda com tranquilidade alguns jogos pesados e é muito raro vê-lo soluçar em tarefas básicas, embora isso aconteça às vezes.

Se você quer uma análise mais objetiva, aí vai. No app de análise de desempenho AnTuTu, ele tirou 90.365 pontos no nosso teste, o que o coloca bem acima do Moto G5 Plus do ano passado, por exemplo, e no mesmo patamar que aparelhos como o Galaxy S6 ou S7, modelos top de linha da Samsung de gerações passadas.

Já em outro programa de benchmarking, o Geekbench, ele tirou 4.185 pontos em multi-core (que analisa o desempenho do celular usando os oito núcleos ao mesmo tempo) e 875 pontos em single-core (que analisa o desempenho de apenas um núcleo). Resultado esperado para um celular com essa ficha técnica e esse preço.

O smartphone possui uma bateria de 3.200 mAh de potência que, nos nossos testes, durou cerca de 10 horas de uso regular, incluindo navegação por apps de redes sociais, streaming de música e vídeos no 4G e no Wi-Fi e alguns jogos. Ou seja, se você usar bastante, vai ter que recarregá-lo pelo menos uma vez por dia para não ficar sem energia num momento delicado.

Ele recarrega de 0% a 100% em pouco mais de uma hora na tomada com o carregador de 15 W que a Motorola chama de “Turbo Power”. Ocioso durante a noite, ele perde menos de 5% de carga com o Wi-Fi ligado madrugada adentro. Em outras palavras, é um desempenho razoável, nada de surpreendente e nem decepcionante. Há concorrentes com performances melhores no quesito bateria.

Câmeras

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O Moto G6 Plus vem com duas câmeras traseiras, uma de 12 MP e abertura f/1.7 e outra de 5 MP e abertura f/2.2. Uma delas é monocromática e a outra é colorida. Na parte da frente, há apenas uma câmera de 8 MP e abertura f/2.2.

A câmera dupla aqui funciona basicamente como a câmera dupla dos outros smartphones da Motorola. A junção dos dois sensores permite alguns truques de software, como isolar uma cor só na foto, deixar um dos planos em tons de cinza ou destacar o primeiro plano deixando o plano de fundo borrado.

Em termos de qualidade, pouca coisa mudou na câmera do Moto G6 Plus em relação ao Moto X4 ou ao Moto G5s Plus, de 2017, por exemplo. Há um bom equilíbrio de cores e contrastes, e, apesar da queda na contagem de megapixels, a resolução das fotos segue bem acentuada.

O problema é que algumas fotos podem apresentar certo ruído nos detalhes, e a temperatura das cores é geralmente bem fria, deixando um leve tom azulado ou cinzento sobre fotos que deveriam sair com cores bem mais vibrantes.

Em ambientes de pouca luz, a performance não é das melhores. Além disso, o foco automático não é muito rápido, e é comum ver o celular levar alguns segundos para ajustar-se ao objeto que você quer fotografar. Outro problema nítido (ao menos na nossa unidade de testes) é uma leve distorção que aparece nas extremidades de algumas fotos.

Para fotos casuais, o Moto G6 Plus é razoavelmente competente. Há concorrentes na mesma faixa de preço que conseguem uma performance melhor ou com menos defeitos, como o Zenfone 4. Mas entusiastas de fotografia devem procurar um celular melhor.

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O mesmo vale para a câmera de selfies, que, apesar de vir com flash frontal (para quem gosta de usar o flash), repete os mesmos erros da câmera traseira, e com agravantes: ela não tem suporte ao modo retrato, já que é única; a resolução é menor e a abertura é mais estreita, o que faz com que o branco fique frequentemente estourado.

O modo retrato da Motorola é, de longe, o mais rudimentar dentre todos os smartphones de câmera dupla no Brasil. Nem mesmo o top de linha Moto Z2 Force consegue chegar perto dos resultados da Samsung (no Galaxy Note 8, A8 ou S9+) e da Apple (iPhones 7 Plus, 8 Plus e X).

No entanto, o Moto G6 Plus é melhor que os outros celulares da Motorola nesse quesito. Na maioria dos casos, ele consegue separar bem o primeiro do segundo plano e criar aquele efeito de profundidade de uma maneira convincente, mesmo em ambientes em que o fundo é bem detalhado, na maioria das vezes.

Isto não significa que o resultado seja sempre perfeito. É comum ver partes do primeiro plano sendo confundidas com o segundo, causando anomalias bizarras no resultado final. Mas a frequência com que essas anomalias acontecem é menor no G6 Plus do que nos outros celulares da marca.

O software também melhorou bastante. O app de câmera do Moto G6 Plus é mais intuitivo e adaptado para lidar com os recursos da câmera dupla. Exceto quando você tenta tirar uma foto com o fundo destacado, recurso que permite recortar o primeiro plano de uma imagem e substituir o fundo. Neste caso, o recurso de editar o fundo fica escondido nas profundezas das configurações. Um desastre de intuitividade.

De modo geral, dá para dizer que a câmera do Moto G6 Plus é relativamente competente para um smartphone dessa faixa de preço, mas poderia ser melhor. Evoluiu muito pouco em relação às gerações passadas e continua atrasada em relação a concorrentes mais caros. Mas não é do tipo que possa te deixar frustrado no dia a dia se você não é do tipo que liga para detalhes.

Conclusão

Completa o pacote do Moto G6 Plus um app de TV digital – este é o único modelo da sexta geração do Moto G a vir com este recurso. Por outro lado, ele só tem uma proteção mínima contra respingos, nada de certificação IP68 como a que deixa o Moto X4 verdadeiramente resistente à água.

Além disso, a saída de áudio é mono, e embora o smartphone venha com uma série de otimizações por software, o som ainda é fraco pelo simples fato de sair de uma caixa só. O preço oficial do Moto G6 Plus no lançamento é R$ 1.699, mas é possível encontrá-lo no varejo custando um pouco menos.

Entre os smartphones lançados em 2018, o Moto G6 Plus está quase sozinho: não há concorrência nesta geração com a mesma ficha técnica básica e faixa de preço. Expandindo um pouco o campo de visão, chegam perto dele o Zenfone 4, o Galaxy S7 e o iPhone 6s.

Todos eles são celulares de gerações passadas: o Zenfone 4 em breve será substituído pelo Zenfone 5, o Galaxy S7 já foi ultrapassado duas vezes (estamos no S9) e o iPhone 6s é um primo bem distante dos modelos mais recentes, o iPhone X e o iPhone 8.

A concorrência mais próxima do Moto G6 Plus está, na verdade, em seu próprio quintal: o Moto X4, também da Motorola. Os dois são parecidos, mas o X4 não tem tela de 18:9 e ainda tem 1 GB a menos de memória RAM. Por outro lado, ele tem proteção IP68 que garante mais resistência no caso de um acidente com água.

Já o Zenfone 4 tem um processador da mesma linha e os mesmos 4 GB de RAM. O problema é que o celular da Asus não tem aquele Android quase puro e bem otimizado da Motorola, e vem com muitos programas pré-instalados. Além disso, sua câmera dupla não tem modo retrato.

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Por falta de uma concorrência mais acirrada, dá para dizer que o Moto G6 Plus ocupa bem a sua faixa de preço. A performance é caprichada e o design é arrojado, ainda que a câmera não seja lá grande coisa (também não é um desastre).

O Moto G6 Plus cumpre o que promete e é uma evolução nítida em relação ao Moto G de quinta geração. Quem decidir comprá-lo não deve se arrepender.

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Colaboração para o Olhar Digital

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