O Marcos tem 57 anos e foi parar no hospital achando que era mais uma dor na coluna. Infelizmente o problema foi grave, e ele descobriu que teve um infarto. Depois de fazer um cateterismo, agora, ele se prepara para mais um procedimento. Só que, desta vez, as mãos que vão cuidar do Marcos são diferentes. O procedimento será levado adiante por um robô.
Marcos é um dos 80 pacientes que serão operados pelas “mãos” de um robô em procedimentos de cateterismo, que são métodos para desobstruir artérias coronárias entupidas. É a primeira vez que angioplastias robóticas são feitas no hemisfério sul. O projeto é realizado neste hospital particular de São Paulo, em parceria com o SUS. O robô foi adquirido em junho deste ano e já foi usado em vários procedimentos, com grande grau de sucesso.
O cateterismo não é um procedimento novo. Ele é feito por meio de uma sonda que vai até o coração. Lá, é inserido um stent: uma peça metálica que dilata a artéria. No Brasil, as angioplastias são frequentes. Em média, são realizadas cerca de 150 a 200 mil angioplastias por ano no país. Agora, com a chegada do robô, muita coisa vai mudar. Para começar, o médico ficará em uma sala separada do paciente. Ele consegue fazer todos os movimentos necessários pelos controles robóticos. Ele pode avançar, recuar, rodar para os lados e fazer várias combinações em cima disso. Um dos primeiros resultados práticos é que, com esse equipamento, os procedimentos de cateterismo estão usando 10% menos stents. E isso já é um bom avanço.
Outro benefício que o robô traz é a mobilidade para o médico. Por causa do raio X utilizado no exame para enxergar as artérias, os cirurgiões tinham que usar uma roupa de chumbo que pesa entre 7 a 10 quilos. Agora, em outra sala, eles não terão que utilizar mais essa vestimenta. Além disso, como toda máquina, o robô está em constante evolução, com novas ferramentas sendo desenvolvidas o tempo todo.
É claro que ainda estamos falando de uma tecnologia nova e cara: está presente em apenas 60 centros médicos no mundo todo. Cada robô custa, em média, 500 mil dólares – e eles são produzidos sob encomenda. Uma outra grande vantagem desse robô é que ele pode ser usado para cirurgias remotas, em que o cirurgião pode estar a quilômetros de distância e, ainda assim, comandar os movimentos das mão mecânicas.
Esse robô está em sua segunda versão e, para o futuro, outros caminhos tecnológicos poderão ser incluídos no equipamento como navegação por Inteligência Artificial e fusão de imagens entre exames e cateterismo.