Como gato e rato nos desenhos animados, empresas transportadoras de cargas se munem de tecnologias cada vez mais avançadas para escapar das garras do crime organizado – que também já usa equipamentos bastante modernos para atacar. Só no ano passado, segundo a Associação Nacional de Transporte Rodoviário de Cargas e Logísticas, mais de 24 mil roubos foram registrados no Brasil – um prejuízo de 1 bilhão e 300 milhões de reais. Hoje, a maioria das seguradoras exige que os caminhões tenham soluções avançadas de segurança para que se seja feita a cobertura da carga em caso de roubo.
Entre as principais tecnologias de proteção de carga estão o monitoramento remoto e até o bloqueio automático do veículo, mas já existe empresa que envia de forma autônoma um drone para acompanhar um caminhão cargueiro quando um alerta é acionado. Pelo ar, é uma forma de chegar ao local mais rápido do que qualquer autoridade terrestre a acompanhar a ocorrência. Munido de câmeras e sensores, o vigilante aéreo passa, em tempo real, informações para a polícia. Os drones são específicos para a tarefa; têm autonomia de voo de até 45 minutos a uma velocidade de quase 100 quilômetros por hora.
Um novo e inédito sistema de bloqueio inteligente sem fio, por enquanto, tem 100% de eficiência. Em 90 dias, salvou cargas avaliadas em mais de cinco milhões de reais. Combinando duas tecnologias: GPRS – o nosso 3G ou 4G da banda larga móvel – e rádio frequência, a solução é capaz de imobilizar o veículo de forma autônoma em três situações diferentes. A primeira é através de um algoritmo embarcado que identifica a utilização de um “Jammer”; a tecnologia usada pelos bandidos de carga. O aparelho neutraliza o sinal de qualquer sistema de comunicação GPRS ou de localização GPS ao seu redor.
Se houver qualquer violação física do sistema ou até um desvio de rota – que é previamente embarcada no equipamento – o bloqueio do caminhão também é automático. Normalmente, os sistemas de rastreamento também possuem a função de bloqueio, mas sempre ligada por um fio ao rastreador GPS. Neste caso, a inovação foi tirar a fiação para dificultar a vida do criminoso.
Localização e comunicação. Caminhões equipados com tecnologia de rastreamento podem ser acompanhados em tempo real através de GPS, pela triangulação de antenas da rede móvel GPRS ou até por satélites. Para manter uma comunicação estável com a base – e até instantânea com órgãos de segurança – os sistemas usam o 3G e algumas frequências específicas de rádio-frequência.
Outra novidade na proteção e recuperação de cargas roubadas são as “iscas eletrônicas”. Pequenos e discretos rastreadores descartáveis, também com sistema GPRS e comunicação por rádio-frequência que vão escondido no meio da carga.
A recuperação de cargas roubadas hoje, no Brasil, chega perto dos 90%. Ainda assim, a caça no estilo gato e rato continua e a tecnologia é imprescindível para estar à frente da criminalidade.