Imagina só essa cena: você vai até o quiosque de informações de um shopping ou ponto turístico e, em vez de uma pessoa, você vê um robô atrás do balcão. Estranho? Pois essa é uma das tendências mais recentes da robótica aliada à inteligência artificial: robôs de atendimento capazes de substituir atendentes e vendedores humanos.
E isso já é realidade em alguns países. A gente foi até a Alemanha recentemente e lá, quem atende os viajantes que chegam ao aeroporto é um robô chamado Franny. A Franny consegue responder a perguntas simples dos passageiros, como indicar o caminho até outros terminais de embarque e fornecer a senha do Wi-Fi do aeroporto.
Dá pra imaginar que tem bastante tecnologia envolvida nesse projeto. A Franny usa processamento de linguagem natural para entender as perguntas que são feitas para ela, e suas respostas ficam cada vez melhores graças à tecnologia de aprendizagem de máquina. Mas a empresa sueca que criou o robô junto com o aeroporto de Frankfurt também teve que pensar em outras coisas na hora de montá-lo.
“A câmera é usada para capturar os usuários e passageiros para que a Franny consiga interagir socialmente com os passageiros. Interagir socialmente significa que ela olha para você e segue você com os olhos durante a conversa, e tambêm consegue ver outras pessoas que entrem na cena”, conta Kais Samkari, arquiteto de software da DB Systel.
Por enquanto, a Franny ainda é um experimento. A ideia é que ela responda as dúvidas mais comuns dos passageiros do aeroporto, como dar a senha do Wi-Fi ou indicar o banheiro mais próximo. Assim, os atendentes humanos conseguem focar em problemas mais difíceis e urgentes. E por enquanto, o experimento tem dado certo.
“Setenta e três porcento das pessoas que testaram o robô disseram que a conversa fluiu bem e que o conteúdo da resposta estava correto. E a gente usou também um sistema de avaliação, e 73% dos passageiros avaliaram o robô com um sorriso. Então, para ser sincero, nós ficamos surpresos de ver que esse robô não estava apenas ajudando as pessoas, mas era simpático também”, explica Jens Grabeleu, vice-presidente de TI do aeroporto de Frankfurt.
E não vá pensando que esse tipo de coisa nunca vai chegar ao Brasil, porque já tem gente trabalhando para trazer essa tecnologia para cá. Mas a ideia não é criar um robô diferente para cada loja. Em vez disso, as empresas vão poder usar um único modelo de robô para várias situações, programando ele de acordo com suas necessidades.
O SanBot é um robô de fabricação chinesa que foi pensado justamente para esse tipo de uso. Ele possui uma série de câmeras e microfones perto da cabeça, e usa eles para ver e conversar com pessoas próximas. Em seu corpo, ele também tem uma série de sensores que evitam que ele trombe em outras pessoas e objetos enquanto se move. E quando sua bateria está para acabar, ele consegue ir sozinho até sua estação de carregamento para fazer uma pausa.
Mas a principal vantagem do SanBot está no software, não no hardware. Ele usa o sistema operacional Android, que é o mesmo que provavelmente tem no seu celular. Isso significa que todas as pessoas que já desenvolvem aplicativos de smartphone podem usar o que já sabem para ensinar novos truques ao robô. E isso facilita em muito a inserção dessa tecnologia em novos setores.
A própria Vivacity, que distribui o Sanbot por aqui, reconhece que ainda deve levar algum tempo até que robôs atendentes se tornem mais comuns. Isso depende de uma série de fatores, desde o cenário econômico até a aceitação que os atendentes humanos vão ter entre o público. Mas a ideia deles é que os robôs no futuro vão ser um produto tão indispensável quanto os celulares são hoje em dia. E nesse momento o mercado de robôs deverá se tornar muito lucrativo. O SanBot pelo menos parece já estar feliz com isso.