A ferramenta descoberta por cientista norte-americanos para editar informações no DNA de qualquer ser vivo fez barulho na comunidade científica em 2017. O “Crísper” é um avanço da ciência de mãos dadas com a tecnologia. Mas é uma novidade polêmica. Já pensou na ideia de “bebês por encomenda”, por exemplo? Com a ferramenta, seria possível desenhar o DNA de bebês para que eles venham ao mundo exatamente como quiserem os pais. Mas o mais interessante – e já comprovado por muitos cientistas – é que o “Crísper” poderá ser usado no tratamento de diversas doenças. Um estudo publicado nos Estados Unidos no início do ano mostrou que a técnica pode ser usada para fortalecer a resistência de células saudáveis no combate ao câncer.
Por falar em cura, este ano conversamos com o pesquisador inglês Aubrey de Grey, o cientista que acredita na imortalidade humana. O inglês de barba longa é dono de uma teoria que diz ser totalmente possível curar o envelhecimento e, consequente, a morte causadas pelas doenças da velhice. Ao acabar com o envelhecimento, o cientista acredita que pode, ao mesmo tempo, exterminar doenças como o câncer, demências, doenças degenerativas, problemas cardiovasculares e muitos outros que fazem tanta gente sofrer a partir da terceira idade.
Para aqueles que vivem atrás do “Doutor Google”, a boa nova de 2017 veio da parceria entre o gigante das buscas e o Hospital Albert Einstein, que é referência em São Paulo. Primeiro, no ano passado, foi lançado o projeto que traz resultados revisados pelo corpo clínico do hospital quando as pessoas buscam por doenças. Este ano, a iniciativa foi ampliada para a busca por sintomas, com resultados relevantes e confiáveis.
E não para por aí, mais recentemente, a gente viu a aprovação da primeira “pílula digital” pelo FDA, o órgão que controla medicamentos vendidos nos Estados Unidos. A tecnologia embarcada está dentro da pastilha. Um minúsculo sensor digestível do tamanho de um grão de areia entra em atividade e emite um sinal elétrico quando entra em contato com o ácido do estômago. O dispositivo então se conecta via Bluetooth a um adesivo (também digital) colado no peito do usuário e as informações são automaticamente transmitidas para o smartphone do paciente. Um aplicativo específico coleta informações fisiológicas e também a data e horário que o remédio foi ingerido para maior controle médico.
E além de informar, este ano o Olhar Digital também contribuiu para o futuro dos avanços da medicina ligadas à tecnologia; neste mais, mais precisamente as interações cérebro-máquina. Nosso repórter foi voluntário de um estudo do Instituto do Cérebro do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, que avalia o cérebro do paciente sob duas perspectivas diferentes simultaneamente: da atividade elétrica da superfície cerebral e da ressonância magnética, que observa o fluxo do oxigênio no cérebro. A integração das duas medidas dá uma amplitude muito maior na compreensão do nosso órgão mais complexo. No futuro, a pesquisa pode levar a medicina a diagnósticos mais precisos de doenças como a epilepsia, o Alzheimer e o Mal de Parkinson, por exemplo. Outra possibilidade, esta mais próxima de se tornar realidade, é nos modelos de interação cérebro-máquina; hoje, feita exclusivamente pela touca.