A luz no fim do túnel. É assim que a internet pode ser encarada por muita gente que luta contra a depressão. Segundo a Organização Mundial da Saúde, mais de 350 milhões de pessoas sofrem com a doença em todo o mundo – só de brasileiros são pelos menos 10 milhões.
A depressão pós-parto afeta uma em cada cinco mães do mundo moderno. Hoje com dois filhos, a Ana Carolina entrou em depressão ainda durante a gravidez do Noah. Até pouco tempo atrás, ela mal conseguia sair da cama. E se hoje sorri assim com o pequeno no colo, deve muito à internet; principalmente às redes sociais.
A Janaína passou por uma situação parecida. A fase aguda da sua depressão veio dois anos depois do nascimento do primeiro filho. Apesar da saúde extremamente debilitada, ela demorou quase um ano para procurar ajuda profissional. Antes disso, as redes sociais também fizeram um papel importante na sua recuperação.
Outra ferramenta digital na batalha contra a depressão é o atendimento psicológico online – seja através de chats ou chamadas de vídeo. Um estudo recente da Universidade de New South Wales, da Austrália, mostrou que a terapia cognitiva comportamental através da internet tem o poder de reduzir tanto a depressão quanto os pensamentos suicidas em pacientes depressivos. Outra pesquisa da mesma instituição afirmou que pacientes depressivos que participaram de terapias online tiveram taxas de recuperação tão eficazes quanto os que fizeram apenas terapias presenciais.
A terapia online pode ser interessante por alguns motivos: primeiro, porque a internet quebra aquele preconceito associado a procurar um psicólogo ou psiquiatra quem muitos ainda têm; mas do que isso, estudos mostram que esse tipo de terapia é mais barata, prática e conveniente. Para a Janaína, as consultas por vídeo-chamada serviram como um complemento ao atendimento presencial.
A prática virtual ainda divide opiniões. Enquanto outros países usam o atendimento online como uma forma de democratizar a terapia, o Brasil ainda enfrenta algumas barreiras para que o método seja popularizado.
Interessante é que a tecnologia na contramão da depressão vai além de redes sociais e atendimentos online. De acordo com uma pesquisa da revista “Nature Communications”, jogos de computador que estimulam o cérebro podem ser tão ou até mais eficazes que remédios para tratar a depressão em idosos. No final das contas, aquela luz no fim do túnel – muitas vezes – pode ser digital.