Há 25 anos, diretrizes da internet brasileira começavam a ser escritas

Roseli Andrion29/05/2020 22h30, atualizada em 31/05/2020 14h40

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Um quarto de século. Essa é a idade que o Comitê Gestor da Internet no Brasil, o CGI.br, acaba de completar. O órgão foi criado em 1995 e foi essencial para direcionar a elaboração de diretrizes estratégicas em relação ao uso e ao desenvolvimento da internet no país.

Se hoje muitos de nós podem trabalhar online e de qualquer lugar do mundo graças à internet, o CGI.br é um dos responsáveis. No Brasil, os domínios .br surgiram em 1999, mas só com a chegada do CGI.br a internet se tornou mais organizada.

Um dos pioneiros que participou desse processo é o cientista da computação Demi Getschko, que hoje é um dos conselheiros do CGI.br. Para ele, a criação do órgão foi inovadora.

Com a chegada da pandemia do novo coronavírus e a necessidade de adotar a quarentena, foi preciso adaptar os modelos de interação social em vigor em diferentes áreas. E isso só foi possível porque temos a internet.

Há 25 anos, ninguém sabia que a internet se tornaria o que é hoje. Era comum que se imaginasse que a tecnologia seria usada apenas no âmbito das universidades, especialmente para pesquisas. Afinal, foi lá que ela ganhou as primeiras aplicações.

Demi até se perguntava se, em algum momento, haveria material em português online. A resposta veio em pouco tempo: os brasileiros abraçaram a rede rapidamente.

Se, por um lado, a internet trouxe muito progresso para as mais diversas áreas, a desinformação na rede cresceu assustadoramente. Em anos recentes, tem sido cada vez mais difícil determinar o que é real.

E não é só desinformação que se encontra nesse universo virtual: tem ódio, terrorismo, bullying e outros aspectos negativos. Demi lembra, porém, que isso independe da internet.

Como quem faz a internet são as pessoas que a usam, a segurança do espaço virtual passa por todos nós. Com a pandemia, há mais internautas disponíveis na rede: uma ótima oportunidade para criminosos em busca de vítimas. Até internautas experientes ficam confusos e caem nos mais variados golpes.

Não é à toa que o número de ataques virtuais aumentou nesse período: basta lembrar que mesmo quem não usava a internet com frequência passou a recorrer a ela. Isso fez o número de pessoas inexperientes nesse ambiente aumentar muito. Então, a cautela deve ser redobrada.

Quando a pandemia acabar, não vamos voltar à realidade que vivíamos antes. As pessoas que chegaram agora na rede por força da circunstância provavelmente vão continuar nela.

Então, todos devem fazer um esforço para que a internet seja um ambiente seguro, sem que haja controle externo. Demi acha que apostar nessa possibilidade pode ser perigoso.

E a infraestrutura, suporta essa entrada de mais gente? Demi acredita que sim. Ao observar os pontos de troca de tráfego no Brasil, foi possível perceber que houve um aumento de carga inicialmente, mas que agora isso se estabilizou.

Se não há como voltar atrás em relação ao uso da internet, o que podemos esperar dela no futuro? Para Demi, a inclusão global ainda é o maior desafio e deve ser cada vez mais uma prioridade. Mesmo assim, outros aspectos precisam ser considerados.

Estamos tão acostumados a usar a internet no dia a dia, que nem sequer cogitamos a falta dela. O que aconteceria, então, se houvesse um apagão de internet hoje?

Colaboração para o Olhar Digital

Roseli Andrion é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital