Uma péssima lembrança, num dia que poderia ser de festa. Jéssica entrou para a estatística que mostra que nada menos que 86 porcento das brasileiras dizem já ter sofrido algum tipo de assédio. O número vem de uma pesquisa da ActionAid.

Valentina não está sozinha. Uma outra pesquisa – essa realizadas por um aplicativo de táxis – mostra que 56% das mulheres se sentem mais seguras quando encontram uma mulher ao volante. Todas temem episódios como os enfrentados por Jéssica… O problema é que apenas 10% dos táxis são conduzidos por mulheres…

Como toda necessidade acaba por gerar uma oportunidade, hoje já existem aplicativos que oferecem serviços de táxi feitos sob medida para elas. Tecnologia a serviço da cidadania e da segurança.

E a tecnologia está ao lado das mulheres também quando elas estão fora dos carros, até num simples passeio a pé. Nesse caso, os aplicativos prestam serviços de alerta: quem já passou por alguma situação de assédio numa determinada região, pode deixar uma marca virtual – assim, outras mulheres que usarem o aplicativo poderão ser avisadas de que a vizinhança pode não ser das mais seguras… Dá até para traçar rotas que evitam locais em que há ocorrências registradas. As ferramentas mapeiam qualquer tipo de manifestação ofensiva: de assobios inconvenientes, passando por buzinadas e chegando contatos físicos não consentidos.

O problema é sério e cada vez mais preocupante. Tanto é que não se restringe a um país. Nos Estados Unidos, por exemplo, a startup Roar for Good criou um dispositivo vestível do tamanho de uma moeda que se conecta a um aplicativo no celular via bluetooth e, quando acionado, envia pedidos de ajuda em tempo real a conhecidos. É uma espécie de botão do pânico. O aparelho portátil ainda emite sons que tentam afastar possíveis agressores.

Evidentemente, essas ferramentas não resolvem o problema, mas, pelo menos mostram que é preciso e que é possível buscar soluções para diminuir a questão do assédio sexual e da violência contra as mulheres.