Muita gente concorda que os carros elétricos são o futuro. Já tem montadoras pensando em abolir carros a combustão do catálogo, e até países, como a Índia, que querem banir carros mais poluentes em até 10 anos. Tudo isso ainda parece longe de ser realidade no Brasil, onde o preço de um carro elétrico ainda é alto demais para quem quer fazer a transição. Sem falar na falta de infraestrutura. Pra muita gente, não compensa ter um carro elétrico se não tiver como usá-lo em viagens longas, por exemplo. Bem, então se prepare, porque isto pode estar prestes a mudar.

A nossa equipe foi até Queluz, uma cidade de 11 mil habitantes que fica na divisa entre São Paulo e Rio de Janeiro, bem no meio da rodovia Presidente Dutra, trecho da BR-116 que liga as duas maiores cidades do centro-oeste brasileiro. Viemos aqui para conhecer o maior corredor elétrico da América Latina: uma sequência de seis postos de abastecimento só para veículos elétricos ou híbridos. É aqui que começa a tão sonhada infraestrutura para carros elétricos no Brasil. Acompanhe a gente nessa viagem.

Primeira parada, Queluz. Imagine que você é um motorista querendo recarregar seu carro elétrico para continuar sua viagem do Rio de Janeiro até São Paulo. Chegando em um posto como este, é só procurar pela vaga exclusiva para elétricos. Após estacionar o carro ou a moto, conecte o cabo de energia à entrada do carregador, aperte um botão e espere a bateria encher. Pronto! Há mais de um modelo de carregador, feito para os mais diversos tipos de carros. A energia vem diretamente da rede elétrica que abastece o posto, o bairro e a cidade ao redor. Uma bateria de 22 kilowatts-hora, por exemplo, leva 25 minutos para chegar a 80% da carga. E cada posto pode recarregar até dois veículos ao mesmo tempo.

Próxima parada, São José dos Campos, interior de São Paulo. Aqui é a mesma coisa: estacionou, conectou o cabo, apertou um botão e pronto, é só esperar a bateria encher. Ao todo, são seis postos de abastecimento espalhados por 430 quilômetros de uma ponta a outra da rodovia. Todos eles iguaizinhos a este. Cada posto é separado por, no máximo, 122 quilômetros. Agora você deve estar se perguntando: “tá bom, mas quanto custa essa recarga?”. A melhor parte é essa: até 2019, o corredor elétrico será totalmente gratuito. É isso mesmo, de graça, não tem pegadinha.

Mas por que é de graça? A Agência Nacional de Energia Elétrica, a Aneel, aprovou recentemente uma regulação específica para o setor de mobilidade elétrica. Essa regulação prevê a possibilidade de livre negociação de preços de recarga entre as empresas. Como essa regulamentação ainda é recente, o grupo de empresas que opera o corredor preferiu não cobrar nada dos usuários pelo menos até 2019, para incentivar o uso dos postos. O alcance ainda é pequeno, é verdade: segundo o Denatran, existem cerca de 7 mil carros elétricos ou híbridos em circulação no Brasil, mas o mercado está em alta: as vendas dispararam 60% só no primeiro trimestre deste ano. Agora, o objetivo é fazer o setor de carros elétricos decolar no Brasil como está decolando no resto do mundo.

O investimento total no corredor elétrico foi de quase 1 milhão de reais e não deve parar por aí. Novas estações de carregamento devem ser abertas em outros cantos do Brasil ao longo dos próximos meses. Enquanto isso, o preço de carros elétricos continua alto e ainda falta muito para a categoria decolar de vez no país. Mas agora, pelo menos, quem quer usar o carro para viagens intermunicipais pode contar com uma estrutura gratuita e de fácil acesso. É, o futuro está chegando… um posto de recarga de cada vez.