Mais um ano passou e outro começou. Durante esse período, é comum observarmos as pessoas desejando abandonar maus hábitos que afetam diferentes aspectos de suas vidas e ansiando por um ano melhor. Hoje em dia não podemos apenas pensar em mudanças para o mundo ‘físico’, temos que analisar também nossos comportamentos online. Já se questionou sobre isso? Te convido a ver e entender que a sua vida digital e sua vida ‘física’ não estão separadas e uma impactará na outra em algum momento.
Para entendermos um pouco mais essa interconexão e o quanto ainda estamos descuidados quando falamos em segurança online, te faço uma pergunta simples: você aceitaria fornecer sua senha e seu dispositivo móvel para um estranho por 15 minutos em troca de US$ 20 mil? Tentador, não? Pois 26% dos brasileiros pensam em fazer isso. Por acaso você postaria uma foto nua em troca de dinheiro? Mais de um quarto dos brasileiros sim. Estes dados foram extraídos de um estudo inédito que realizamos na América Latina, em parceria com a CORPA, empresa chilena de pesquisa, na qual notamos que alguns comportamentos precisam ser melhorados, principalmente no mundo digital.
Ainda quando falamos de Brasil, percebemos que, cada vez mais, os usuários podem se tornar presas fáceis para os cibercriminosos, já que 44% compartilharam suas senhas nos smartphones e tablets com terceiros, 92% forneceram seus dados pessoais em pelo menos cinco páginas web e 78% mantém sessões abertas de suas contas em seus dispositivos móveis. Essa confiança excessiva dos usuários pode levar a problemas como os recentes casos de vazamento de dados em grande escala que temos observado. Boa parte disso deve-se aos maus hábitos porque muitos usuários ignoram os perigos a que estão expostos quando estão conectados.
A situação fica mais alarmante quando descobrimos que 64% dos internautas brasileiros não leem as condições de um app antes de baixá-lo, pois os consideram longos e chatos ou porque não acreditam que isto os prejudicariam. Enquanto isso, 41% admitem não ter uma solução de segurança contra 45% que dizem ter uma proteção instalada – porém apenas 5% usam uma versão paga que inclui funções avançadas e personalizadas. Por fim, 9% dos entrevistados não sabem se há ou não alguma proteção em seu dispositivo. Para piorar, 41% dos brasileiros admitem ter desativado uma ou mais vezes a solução de segurança do PC ou celular porque ela não permitiu o download de um app – desses, a maioria corresponde a jovens entre 18 e 24 anos. Assustador, não?
Dados como esses nos mostram o quanto subestimamos nossa própria segurança online em troca de exposição no mundo digital. Me questiono se a mesma pessoa que informa o código de acesso ao celular também fala abertamente sua senha do banco ou do cartão de crédito? Será que em uma conversa frente a frente com um estranho elas abrirão tantos detalhes de sua vida pessoal quanto o fazem na internet – e aqui nem estou considerando o fato que, neste ambiente, a informação fica registrada e pode ser encontrada a qualquer momento? Por fim, quem sai de casa e deixa a porta aberta ou cancela o seguro (do carro ou saúde) antes de fazer algo perigoso?
Tenho a esperança que com estas reflexões teremos mais atenção quanto os comportamentos de riscos que verificamos durante 2018, pois uma coisa é certa: atitudes como essas não são ignoradas pelos cibercriminosos e é por isso que o Brasil é super criativo ao desenvolver novas engenharia sociais maliciosas. Seja no trabalho ou na vida pessoal, precisamos entender que nossa segurança é algo cíclico, pois envolve desde o entendimento sobre os riscos (online e reais) até a mudança dos nossos comportamentos.
Quando for refletir sobre o próximo ano e o que deseja/espera, te convido a colocar a cibersegurança em um desses tópicos, pois ela será mais do que necessária e, espero que, ao final do próximo ano, possamos melhorar essas estatísticas.
Um ótimo ano para todos nós!