Um governo pode operar sites de pedofilia para prender pedófilos? Já aconteceu

Renato Santino11/11/2016 23h05, atualizada em 11/11/2016 23h11

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Na caçada por pedófilos, é aceitável que um órgão governamental mantenha no ar e controle sites com pornografia infantil? A pergunta é difícil de responder e envolve grandes questões de moral no campo filosófico, mas o fato é que isso já aconteceu no campo da realidade. Mais de uma vez. Na verdade, ao que tudo indica, o FBI já operou 23 sites de pedofilia na deep web com o intuito de identificar pedófilos.

Segundo documentos divulgados pela American Civil Liberties Union, a prática se tornou razoavelmente comum. Em vez de confiscar servidores e desmantelar sites de pornografia infantil, o FBI mantém eles funcionando temporariamente para usar a NIT (sigla para técnica investigativa de rede), o que especialistas de segurança definem como o bom e velho malware.

Então, na prática, o site segue operando em computadores controlados pelo governo americano, distribuindo fotos e vídeos de menores de idade. O NIT implantado na página usa uma brecha no Tor para revelar a identidade dos visitantes, que têm o tráfego anonimizado pela ferramenta, expondo seu verdadeiro endereço de IP, seu sistema operacional, o endereço MAC e outros dados que podem servir como provas em um tribunal.

A informação foi divulgada inicialmente pelo site Ars Technica, que contatou o advogado de crimes cibernéticos Fred Jennings. Segundo seu ponto de vista, o texto não deixa claro se o FBI operou, de fato, o site, mas a interpretação dá indícios muito fortes de que os sites foram hospedados em instalações governamentais, com o conhecimento do FBI e para o benefício informacional do FBI.

Fato é que pelo menos um caso foi confirmado. Em 2015, o FBI operou por 13 dias um site chamado Playpen na deep web e até mesmo fez com que a página ganhasse desempenho. A ação permitiu que 200 suspeitos fossem identificados e presos, embora pelo menos 1 mil IPs tenham sido coletados, o que significa que é possível que ainda haja mais prisões a caminho.

Via Ars Technica

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital