Traficante perdeu mais de R$ 250 milhões em bitcoin por esquecer senhas

Códigos estavam anotados em papel guardado dentro de vara de pescar que foi roubada quando sua casa foi invadida
Renato Santino21/02/2020 22h02, atualizada em 21/02/2020 22h10

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Quando você cria uma conta nova em algum serviço online, sua primeira precaução deveria ser criar uma senha longa, única e aleatória, alternando letras em caixa alta e baixa, números e símbolos. A vantagem é garantir que ninguém vai adivinhá-la; a desvantagem é que se você não a mantiver anotada em um lugar seguro, seu acesso ao serviço pode ser perdido se você esquecer. Um plantador de maconha na Irlanda foi lembrado desse fato da pior forma possível: perdendo mais de R$ 250 milhões em bitcoins.

Clifton Collins, de 49 anos, plantou e vendeu seu produto por 12 anos, alcançando um bom sucesso financeiro como resultado de operações. Ele usou uma parte de seu dinheiro para comprar bitcoins entre 2011 e 2012, antes dos surtos de valorização da criptomoeda em 2013 e 2017, então sua vida estava garantida com suas 6 mil bitcoins. No entanto, o que ele não esperava é que ele perderia as chaves de segurança para movimentar suas carteiras, fazendo com que suas criptomoedas se perdessem para sempre.

Segundo o jornal irlandês Irish Times, Collins foi capturado pela polícia em 2017, durante uma operação noturna de rotina. Ao analisar o carro, os policiais encontraram o equivalente a quase R$ 10 mil em maconha e imediatamente realizaram a prisão. Ele foi julgado e condenado a 5 anos de detenção.

Durante as investigações, suas 12 carteiras de bitcoins foram descobertas e confiscados pelo CAB (Escritório de Bens Criminosos da Irlanda), o que seria o maior caso já registrado pela organização. No entanto, como mencionado previamente, os valores nunca puderam ser recuperados devido à perda da senha.

Collins havia decidido, no ano de 2016, diversificar suas carteiras, temendo que concentrar todo o seu dinheiro em um único endereço pudesse facilitar um possível roubo. Foi quando ele decidiu criar 12 carteiras diferentes e espalhar seu dinheiro por elas. Ele havia anotado as senhas em um pedaço de papel escondido em uma vara de pescar guardada em sua residência. Ele não contava que sua casa seria invadida em 2017, antes de sua prisão, e todos os seus pertences levados. Além disso, desde que Collins foi preso, o proprietário de seu apartamento realizou o processo de despejo, jogando todos os itens restantes no local no lixo. Segundo o Irish Times, funcionários do aterro dizem ter visto equipamento de pesca, mas o material daquela unidade é enviado para a China e para a Alemanha para serem incinerados. Ou seja: todas as suas posses já não existem mais.

De acordo com a publicação, Collins disse aos policiais que já teve o tempo de aceitar a perda do dinheiro e a considera uma “punição pela própria estupidez”.

A perda de grandes valores em criptomoedas não é uma exclusividade do irlandês. Em 2013, veio a público a história de James Howells, um britânico envolvido com bitcoins desde 2008, e que havia acumulado 7.500 bitcoins. Durante uma faxina, o HD que guardava as credenciais para acessar sua fortuna foi jogado fora por acidente. Em 2017, na época em que as criptomoedas atingiram seu auge, ele chegou a divulgar uma proposta para escavar um aterro para tentar recuperar o seu disco rígido, em um momento em que a bitcoin valia cerca de US$ 18.000. Hoje, com a cotação da criptomoeda em cerca de US$ 10.000 e com o real na casa de R$ 4,40, esse HD valeria R$ 330 milhões.

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital