Descobrir novas músicas no Spotify será uma experiência ligeiramente menos personalizada a partir dos próximos dias. Nesta segunda-feira (2), a plataforma anunciou que deixará de levar em conta somente os hábitos de consumo dos usuários, e incluirá decisões estratégicas dos artistas e gravadoras nos parâmetros do algoritmo.

Atualmente, o streaming faz recomendações com base numa série de sinais deixados pelos ouvintes, como tempo e horário de reprodução, gêneros musicais e elementos sonoros favoritos, o que possibilita cerca de 16 bilhões de descobertas por mês.  

Com o novo recurso, as gravadoras poderão identificar quais músicas são suas prioridades, como lançamentos, álbuns comemorativos ou virais em ascensão. Dessa forma, quando o perfil do ouvinte apontar para a recomendação de determinado artista, o algoritmo saberá a faixa específica que deve reproduzir. 

“Acreditamos que nossas recomendações também devem ser informadas pelos artistas”, afirma a plataforma em comunicado oficial. “Este serviço dará a eles a oportunidade de se conectar com novos públicos e escolher de que forma seu trabalho é descoberto”. 

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Spotify se baseia em milhares de sinais para recomendar descobertas aos usuários. Imagem: Spotify/Reprodução

Influência do TikTok

É curioso notar que a mudança ecoa o fenômeno cultural causado pelo TikTok, embora isso não seja explicitado pelo Spotify.

A título de exemplo, o app chinês recentemente fez viralizar a canção “Dreams”, do Fleetwood Mac. Logo, faz sentido – cultural e financeiramente – que esta seja a faixa recomendada para que novos usuários conheçam a banda.    

A ferramenta não requer investimento por parte das gravadoras, mas os royalties pagos por direitos autorais serão menores para as reproduções impulsionadas pelo serviço.

Segundo o Spotify, a iniciativa tem potencial para aumentar a popularidade das músicas, fazendo com que os usuários voltem a ouvi-las sem recomendação do algoritmo – nesse caso, a taxa aplicada de royalties é a regular.  

Por outro lado, músicas que não se saiam bem serão rapidamente removidas do teste. “A satisfação do ouvinte é nossa prioridade, e não garantimos o mesmo para gravadoras ou artistas”, diz o comunicado, acrescentando que só serão mantidas as faixas que os usuários gostem de ouvir.

A princípio, o recurso será restrito às estações de rádio e autoplay, seções onde o Spotify “tem certeza de que os ouvintes procuram descobrir novas músicas”. A depender de seu sucesso, o experimento pode ser expandido a outras áreas da plataforma no futuro.

 

Via: TechCrunch