Foi-se o tempo em que as senhas alfanuméricas longas, com uma série de letras, números e símbolos eram consideradas seguras. Uma vez que os truques utilizados pelos criminosos virtuais também ganharam em sofisticação para descobrir esse tipo de informação, as empresas passaram a investir nas chamadas ferramentas biométricas, ou seja, recursos que usam características do nosso corpo como a “senha” de acesso.

Com isso, recursos como a impressão digital e a leitura da íris já têm um espaço cativo entre o grande público, sendo encontrados em catracas de edifícios e smartphones, por exemplo. Mas, a tecnologia biométrica “queridinha” do momento está bem na nossa cara…literalmente: trata-se do reconhecimento facial.

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A difusão da tecnologia se intensificou depois que as gigantes Amazon e Google começaram a implementar algoritmos de deep learning (aprendizagem profunda), que hoje chegam a 80% de assertividade e, quando calibrados corretamente, podem chegar a 97% de acerto (com o aprendizado contínuo) na hora de identificar um indivíduo. E o mercado, claro, está de olho nesse movimento. Segundo estimativas da ABI Research, o reconhecimento biométrico deverá movimentar US$ 30 bilhões em 2021. Já dados da consultoria de tecnologia Tractica apontam que só com reconhecimento facial as empresas esperam faturar US$ 882 milhões até 2024.

No Brasil, alguns setores estão em estágio avançado quanto ao uso do reconhecimento facial. O financeiro é um dos que mais investem. Alguns dos grandes bancos do país – Original, Itaú e Bradesco – já estão em teste para esse formato de autenticação de clientes, que é hoje um dos mais seguros para realizar qualquer tipo de transação. Mas outros segmentos, como bens de consumos, segurança e saúde, também irão aderir à tecnologia.
Entretanto, a solução ainda deve demorar para chegar ao dia a dia das pessoas. Para a implementação em larga escala, é necessário uma infraestrutura completa, que envolve um ambiente muito bem estruturado, com internet realmente rápida e equipamentos de alta qualidade.

Já a adaptação dos usuários ao novo, com o tempo e com a evolução da tecnologia, certamente será algo natural. Ainda nos parece estranho pegar o smartphone e focar no rosto para realizar uma verificação de transação. No entanto, é só parar e pensar que há 10 anos ninguém tirava selfies.

Além das companhias privadas, governos também estão adotando o reconhecimento facial em áreas estratégicas, como segurança. Um exemplo é a China, que está usando a tecnologia para identificação de suspeitos, mas ainda precisa de ajustes para evitar erros.

No entanto, mesmo que a eficiência do reconhecimento facial ainda esteja em fase de ajustes, a tendência é que esta tecnologia ganhe escala e evolua rapidamente nos próximos anos, tornando-se um importante recurso de segurança e usabilidade. E também trazendo muito mais praticidade em nossas atividades rotineiras.