O curioso caso do ladrão de notebook que foi enganado pela própria vítima

Redação13/07/2016 18h43

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Quem já teve algum pertence roubado sabe que a situação é péssima e as chances de recuperar o objeto não são altas. Gustavo Reis, um DJ conhecido de Belo Horizonte, desafiou essas estatísticas ao conseguir recuperar um notebook roubado passando a perna no ladrão que arrombou o seu carro.

No porta-malas do veículo havia um notebook com mais de 2 terabytes de músicas e diversos equipamentos de trabalho, como controlador de som, peças e equipamentos. O material custa algo em torno de R$ 15 mil.

Conforme conta em um relato nas redes sociais, a história começa quando, após um show, ele resolveu estacionar o carro em uma rua e tomar uma ‘saideira’ em um bar. Depois do drinque, voltou para casa da namorada, onde guardou o carro na garagem do prédio e dormiu. Na manhã seguinte constatou que seus equipamentos haviam sido roubados do porta-malas.

Reprodução

A ideia foi publicar a lista dos pertences roubados no Facebook. O plano era contar com a ajuda dos amigos para buscar os produtos que poderiam estar sendo vendidos na internet. Um conhecido, então, enviou uma mensagem para o artista informando que um notebook que poderia ser o dele estava sendo vendido no site OLX.

Após confirmar o número de série do notebook com os dados descritos na página, o DJ teve a certeza de que aquele era o seu computador. Assim, começava uma nova etapa no plano para recuperar o Macbook. Já os fones, HDs, cabos e outros itens não estavam à venda no site e nem em qualquer outro lugar, segundo pesquisou.

Negociações

Gustavo pediu que sua namorada e seu irmão fizessem lances no notebook para que o vendedor ficasse tentado em comercializar a máquina somente com os dois. Enquanto o irmão negociava e pedia descontos, a namorada questionava o vendedor a respeito de informações do produto.

O ladrão, por sua vez, afirmava estar fora da cidade, argumento que o DJ acreditava ser uma desculpa para atrasar as negociações e tentar ganhar tempo para desbloquear a máquina que é protegida por senha. Era uma segunda-feira e o encontro ficou marcado para quarta.

Na polícia

O passo seguinte foi registrar uma queixa na Polícia Civil informando a nota fiscal e o número de série de todos os equipamentos. O artista também mostrou os registros de conversas com o vendedor na esperança de que os policiais pudessem realizar o flagrante.

Contudo, foi informado de que a polícia só poderia efetuar qualquer prisão após a confirmação da propriedade de algum item roubado. Para isso, ele teria que checar o número de série do computador na própria máquina.

O encontro

Na quarta-feira o negociador adiou os encontros marcados e simplesmente desapareceu, não retornando as mensagens do irmão e da namorada. A suspeita era de que o desbloqueio não tivesse sido executado. Com isso em mente, a vítima resolveu tomar uma atitude drástica: entrar em contato direto com o ladrão.

Antes disso, ele removeu qualquer registro de seu nome na internet, o que poderia possibilitar que o criminoso verificasse que estava falando com a vítima e não com um comprador interessado.

Na segunda-feira seguinte, ele enviou uma mensagem por WhatsApp para o comerciante: “Mano, você ainda está com o computador para passar? Compro Mac, peças e acessórios”. A resposta foi uma foto do computador bloqueado e outra pergunta: “Tira senha do Mac?”

Sabendo que o ladrão não tinha conseguido desbloquear o aparelho, Gustavo afirmou ao vendedor que conseguia desbloquear a máquina e se passaria por um “provedor de serviço”. “’Está bloqueado. Tem que tirar a senha ligando no aplicativo que tenho aqui. Gasta umas três horas”, disse.

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A tática deu certo. “Quanto? Tem loja? E formatar notebook?”, respondeu o interessado. A partir daí os dois trocaram mensagens e combinaram um ponto de encontro para que o DJ, disfarçado de técnico de informática, pegasse o notebook. O local escolhido foi um café em uma rua tranquila e de mão única. Lá, policiais – que não apareceram – estariam à paisana esperando o criminoso.

Durante o encontro, um homem que se identificou como Juliano preferiu não descer do carro e informou por mensagem que estava na frente do café com o computador. Gustavo, então, foi até ele combinou o falso serviço. Pegou o laptop e tentou conter a alegria de estar passando a perna no ladrão.

O segundo encontro

Gustavo estava de posse da máquina, mas queira ainda recuperar os equipamentos que foram furtados. Por isso, compareceu ao local da “entrega” do notebook. Dessa vez os policiais à paisana estavam posicionados. Para disfarçar, ele levou uma mochila vazia e encontrou o tal Juliano no mesmo local, novamente dentro do carro.

Com a desculpa de que não poderia entregar o notebook ali, em local público, para não se complicar no trabalho, Gustavo tentou atrair o criminoso para dentro do café. O ladrão, por sua vez, escreveu por WhatsApp: “(Você) Armou pra mim. Esse cara aí é polícia”.

Depois de negar, os dois combinaram um novo encontro em um bar próximo. Novamente, a polícia estava presente e o ladrão percebeu a movimentação suspeita. “Tem polícia aqui também. Os três do café: camisa preta, um camisa cinza e um ‘Ray-Ban”, disse cancelando o encontro.

Dos males, o menor

Mais tarde os dois voltaram a trocar mensagens, mas o DJ achou melhor parar por ali. O vendedor queria a máquina de volta pelo correio, o que obviamente não foi feito.

Reprodução

Agora, Gustavo Reis, o Zubreu, irá recomeçar sua carreira comprando novos equipamentos e fazendo uso de seu notebook quase perdido.

Em nota, a OLX diz que o caso viola os termos da plataforma e “coloca-se à disposição das autoridades para colaborar no que for necessário e ressalta que disponibiliza um botão de denúncia em todos os anúncios”.

Via BBC

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital