Em pelo menos nove casos, a Netflix teve que remover algum conteúdo da plataforma a pedido de governos de países. A relação está listada em um relatório de transparência que a empresa publicou, e entre os pedidos consta a remoção dos dois especiais de natal do Porta dos Fundos: “Se Beber Não Ceie”, de 2018, e “A Primeira Tentação de Cristo“, de 2019, que também rendeu polêmica no Brasil.

“Em 2020, atendemos a uma solicitação por escrito da Autoridade de Desenvolvimento de Mídia Infocomm de Singapura (IMDA) para remover ‘Se Beber Não Ceie’ do serviço apenas em Singapura”, informa o relatório. O especial estreou em 21 de dezembro de 2018, e venceu no ano seguinte o Emmy Internacional de Melhor Comédia.

O pedido para remoção do filme deve ter vindo em retrospecto à polêmica envolvendo “A Primeira Tentação de Cristo”, já que este foi tirado da plataforma em Singapura ainda em 2019, também a pedido da IMDA. A cidade-estado ainda fez outros dois pedidos de retirada, todos com conteúdo relacionado à maconha: o programa de culinária “Cooking on High”, o seriado original Netflix “Disjonted”, protagonizado por Kathy Bates (que posteriormente acabou cancelado) e o documentário “The Legend of 420”, do diretor Peter Spirer.

Outros dois pedidos chamam a atenção por se tratar de obras bem antigas, mas que tiveram um impacto tal no seu lançamento que até hoje são banidas em alguns países. Em 2017, a Netflix atendeu a uma solicitação da Comissão Alemã de Proteção à Juventude para remover o clássico filme de zumbis de George Romero, “A Noite dos Mortos-Vivos”, de 1968, que é banido no país.

No mesmo ano, a plataforma tirou do ar no Vietnã outro clássico: “Nascido para Matar”, de Stanley Kubrick. Lançado em 1987, o longa traz a visão do diretor sobre a Guerra do Vietnã (1955-1975), e é considerado um tema sensível no país (especialmente quando retrata o ponto de vista norte-americano do conflito).

Um incidente famoso que está no relatório da Netflix foi a remoção do episódio sobre a Arábia Saudita do seriado “Patriot Act with Hasan Minhaj”. Com fortes críticas ao regime saudita, em especial em relação ao assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, a produção desagradou o príncipe Mohammed bin Salman e a plataforma tirou o programa do ar no país.

O pedido mais antigo aconteceu em 2015, quando o governo da Nova Zelândia enviou uma notificação por escrito pedindo à Netflix que retirasse o documentário “The Bridge”. Na época, as autoridades declararam que o conteúdo do filme era “censurável”, pois se concentrava nas tentativas de suicídio que ocorreram na ponte Golden Gate de São Francisco.

Via: The Verge/Sputniknews