Não caia no golpe do sorteio de iPhone sem película no Facebook

Renato Santino21/03/2016 20h48

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Não passam dois meses sem que surja uma nova corrente no Facebook prometendo um sorteio de iPhones. O golpe é sempre o mesmo. Uma página na rede social com o título “Apple” diz que vai sortear um número X de aparelhos (a quantidade varia a cada vez que o golpe é anunciado na rede social), porque a caixa está sem a película exterior, o que inviabiliza que o produto seja comercializado.

Mentira.

Reprodução

Todas as vezes que uma página anuncia este tipo de coisa, ela consegue rapidamente um número enorme de curtidas e compartilhamentos, porque são essas as exigências do “sorteio”. As pessoas caem nessa e curtem a página, compartilham o post, comentam, fazendo com que a publicação tenha um nível de engajamento altíssimo, fazendo com que seu alcance também seja enorme, atingindo cada vez mais pessoas inocentes.

Vamos ser bem claros aqui: a Apple não tem presença no Facebook. A empresa não tem página oficial. Na verdade, ela é bem avessa a redes sociais em geral, e apenas alguns serviços seus, como o Apple Music, estão presentes no Facebook e no Twitter. A companhia, como um todo, não tem representação, o que significa que a empresa nunca fará um sorteio pelas mídias sociais.

Dito isso, também é responsabilidade do usuário do Facebook não cair em um golpe tão óbvio. Basta refletir um pouco para chegar à conclusão de que nenhuma empresa abriria mão de dezenas (ou centenas) de milhares de reais por causa de uma película na embalagem (supondo ser possível que um iPhone saia da fábrica sem a tal película). Na última vez que vi o golpe circulando, ele prometia 22 iPhones 6, cujo menor preço oficial é R$ 3,2 mil. São R$ 70 mil em produtos. Seria muito mais lucrativo vender estes aparelhos como “recondicionados”, se realmente fosse impossível aplicar a película depois que ele saiu de fábrica.

Mas o que as páginas falsas ganham com isso?

Uma página com muitas curtidas pode render dinheiro de várias formas, e algumas delas podem ser bastante desonestas. Depois que a página alcançar um número grande de curtidores, o administrador pode vendê-la, ou então ele mesmo pode usá-la para distribuição de spam, o que pode colocar em risco a segurança de quem curte a página.

Também há a possibilidade de que o administrador mude o nome da página depois de alcançar um número satisfatório de likes. Tecnicamente, o Facebook não permite que as fanpages sejam renomeadas depois de 200 curtidas, mas, pesquisando um pouco no Google, eu encontrei alguns métodos que prometem burlar este bloqueio. Não deve ser um processo impossível.

Então, de repente, aquela página simpática da Apple que você curtiu na esperança de ganhar um iPhone pode começar a cuspir vírus, distribuir conteúdo totalmente não-relacionado ou ser renomeada para “Eu adoro matar gatinhos”, ou qualquer outra coisa horrível do tipo. E você nunca lembra como essa página conseguiu o seu like.

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital