Motoristas processam Uber por uso de dados pessoais no Reino Unido

Funcionários querem entender para que fins a empresa usa as informações armazenadas e, sobretudo, de que modo elas moldam as tomadas de decisão que têm impacto direto nos seus trabalhos
Fabiana Rolfini20/07/2020 20h04, atualizada em 20/07/2020 20h07

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Os motoristas da Uber no Reino Unido estão processando a empresa por não explicar para que fins utiliza os dados pessoais armazenados e, sobretudo, de que modo estes moldam as tomadas de decisão que têm impacto direto nos seus trabalhos.

O App Drivers and Couriers Union, sindicato que está processando o Uber em nome dos motoristas, argumentou que a empresa viola o Regulamento Geral Sobre a Proteção de Dados (GDPR) quando rastreia e monitora os profissionais, coletando dados como chegadas tardias, registros de cancelamento e reclamações de passageiros.

Para o sindicato, a garantia de transparência é fundamental para se saber se todos os trabalhadores têm tratamento igual ou se é exercido algum tipo de discriminação. Permitirá também que “os trabalhadores se organizem e obtenham maior poder de negociação em relação aos termos do seu trabalho e remuneração, algo que é atualmente impossível”.

Reprodução

Motoristas do Reino Unido querem conhecer melhor algoritmo do app. Foto: Uber

Se o processo for bem-sucedido e os motoristas da Uber obtiverem acesso a seus registros, poderá estabelecer um precedente para tantos outros trabalhadores de outras empresas que, essencialmente, se reportam e são gerenciados por algoritmos.

Multa milionária nos EUA

A postura da empresa é bastante criticada por permitir que não se assuma responsabilidades trabalhistas, como o pagamento de salário mínimo. Em novembro passado, a Uber foi obrigada a pagar uma multa de US$ 650 milhões em impostos referentes a direitos trabalhistas, como seguro-desemprego e invalidez, relativos aos últimos quatro anos.

O valor foi estipulado pelo departamento de trabalho do estado de Nova Jersey (EUA), que também afirmou que os motoristas são funcionários do aplicativo, não parceiros, como o próprio Uber se refere.

Na época, o comissário de trabalho Robert Asaro-Angelo disse à Bloomberg que a empresa classifica seus funcionários de forma errada, e que não havia motivo para que os motoristas da plataforma não fossem tratados como uma equipe de trabalho comum com horários flexíveis.

A Uber frequentemente se defende dessas críticas alegando que tratar os motoristas como funcionários limitaria sua flexibilidade de fazer seus próprios horários.

No Brasil, o STF decidiu no fim do ano passado que os motoristas da plataforma não têm qualquer vínculo trabalhista com a Uber.

Via: Futurism

Fabiana Rolfini é editor(a) no Olhar Digital