Hackers vazam dados de mil policiais como represália à medida de repressão do governo

Em Belarus, ação foi conduzida em retaliação à medida governamental de reprimir com violência as recentes manifestações: país tem protestos desde as eleições presidenciais de agosto
Rafael Arbulu21/09/2020 21h41, atualizada em 21/09/2020 22h08

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O ambiente volátil de Belarus continua, agora com a exposição de 1.003 policiais da nação do leste europeu conduzida por hackers. Os invasores levantaram e compilaram informações como nomes, datas de nascimento, ranking e departamento de trabalho, entre outros dados dos agentes como represália à medida de repressão violenta do governo contra as manifestações políticas que tomaram conta do país desde o início de agosto.

As informações obtidas foram disponibilizadas publicamente em um arquivo de planilhas do Google Sheets, com a maior parte delas correspondendo a oficiais de alta patente, como tenentes, majores e capitães. Os hackers prometeram vazar ainda mais informações caso a repressão aos manifestantes continue. Do material já divulgado, os hackers também enviaram tudo para a agência de notícias local Nexta, que reproduziu a informação sem editar os dados em seu canal no Telegram, pedindo para que usuários confirmassem a sua autenticidade.

Reprodução

Policiais prendem manifestante em Belarus. Foto: Radio Free Europe/Radio Liberty via AP

“Se você sabe de fatos relacionados a crimes de pessoas específicas nesta lista, bem como suas informações pessoais (endereços, telefones, números de viaturas, hábitos, amantes/concubinas) – procure o bot [EDITADO]”, disse a agência. A Nexta ganhou popularidade com os manifestantes antigovernamentais como um veículo que comumente divulga para o mundo a violência e brutalidade das autoridades para com participantes dos protestos. “Se as prisões continuarem, então também continuaremos a publicar os dados em uma escala massiva. Ninguém permanecerá escondido por trás de uma balaclava”, adicionou o canal, em referência à máscara que alguns policiais usam em confrontos.

Em um comunicado divulgado à imprensa no último sábado (19), um porta-voz do governo de Belarus confirmou o vazamento das informações, adicionando que pretende encontrar e processar os responsáveis. Pouco depois, porém, o site do Ministério de Assuntos Internos do país foi derrubado por um ataque de negação direta de serviço (DDoS), segundo vários hackers autoproclamados no Twitter.

Política em Belarus

As manifestações antigovernamentais da Belarus começaram no dia 9 de agosto de 2020, pouco depois do anúncio dos resultados das eleições presidenciais: segundo os números oficiais, o pleito foi vencido pelo atual líder da nação europeia, Alexander Lukashenko, que se reelegeu ao seu sexto mandato consecutivo com 80% dos votos. A líder da oposição e também candidata Sviatlana Tsikhanouskaya acusou o candidato de situação de fraude, afirmando que ela é quem teria vencido a corrida com “pelo menos” 60% dos votos. Tsikhanouskaya acabou deixando o país, temendo por sua vida.

Apesar da truculência e força excessiva por parte da polícia, as manifestações seguem firmes pelos últimos dois meses, com repórteres e usuários das redes sociais publicando, em plataformas globais, vídeos e imagens de prisões aleatórias e violência do atual regime mesmo contra pessoas que sequer participavam dos movimentos. Detidos e seus familiares, por suas vezes, acusam o governo de tortura, estupro, intimidação generalizada e assassinato, culminando em um comunicado emitido pela Organização das Nações Unidas (ONU) de que mais de 450 denúncias de violações aos direitos humanos teriam chegado à entidade.

Segundo especialistas, Lukashenko segue no poder sustentado apenas pela força policial, ao passo que líderes da oposição dentro e fora do país – incluindo Tsikhanouskaya – pedem que a polícia se ausente de suas ações.

Fonte: ZDNet

Colaboração para o Olhar Digital

Rafael Arbulu é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital