Mensagens de texto de milhares de pessoas pelo mundo foram interceptadas por hackers chineses, de acordo com a empresa de cibersegurança FireEye. Os cibercriminosos teriam realizado o ataque a partir de uma campanha direcionada que plantou software de espionagem nos servidores de uma provedora de telecomunicações.

Em relatório divulgado nesta quinta-feira (31), a FireEye afirma que os hackers pertencem ao grupo Advanced Persistent Threat 41, ou APT41, que esteve envolvido em casos de espionagem e cibercrime em grande parte da década passada. A empresa explica que alguns dos alvos eram de “alto valor” e todos foram escolhidos por seus números de telefone e identificadores únicos de celular (os números IMSI).

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A FireEye não identificou as vítimas ou o provedor de telecomunicações afetado, nem indicou sua localização. A empresa explicou apenas que a rede está em um país que normalmente é um concorrente estratégico da China.

O spyware foi programado para capturar mensagens com referências a líderes políticos, organizações militares e de inteligência e movimentos políticos em desacordo com o governo chinês, revela a FireEye. O diretor de práticas avançadas da companhia, Steven Stone, garante que nenhum dos alvos importantes era um funcionário do governo dos Estados Unidos.

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Como os hackers chegaram às mensagens?

O malware, chamado pela FireEye de MessageTap, conseguiu coletar dados sem o conhecimento dos usuários, mas não conseguiu ler as mensagens enviadas com aplicativos criptografados de ponta a ponta, como WhatsApp e iMessage. “Se você é um desses alvos, não tem ideia de que o tráfego de mensagens do seu dispositivo está sendo interceptado, porque ele não foi infectado”, explica Stone.

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A FireEye não identificou a fabricante do equipamento invadido nem especificou como os hackers penetraram nas redes. De acordo com a empresa, o grupo APT41 começou a usar o MessageTap durante o verão, quando os protestos pró-democracia começaram em Hong Kong.

Desde a descoberta do spyware, a FireEye encontrou quatro redes de telecomunicações visadas pelo malware. Os hackers também roubaram registros detalhados de chamadas de indivíduos específicos, obtendo os números com os quais interagiram, durações e horários das chamadas. O APT41 também foi visto invadindo os principais serviços de viagem e prestadores de serviços de saúde em países com identidade protegida.

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Tem política na área?

Os detalhes da operação de espionagem são divulgados no momento em que os EUA tentam convencer aliados a evitar o fornecimento de equipamentos de telecomunicações chineses, liderados pela Huawei, alegando um risco para a segurança nacional. Agora, o país procura barrar seu uso em projetos de telecomunicações que recebem financiamento federal.

A Huawei nega veementemente que tenha permitido que os governantes da China usem seus equipamentos para espionagem; nenhuma prova disso foi apresentada em Washington. Autoridades dos EUA alegam que uma lei chinesa de 2017 exige que organizações e cidadãos ajudem o Estado a coletar informações.

Fonte: AP News